A Castrolanda mantém um plantel de 6,5 mil matrizes em terras arrendadas na zona rural de Castro. O rebanho é criado no pasto, mas o cordeiro tem acesso à ração, fabricada à base de milho e soja, a partir da segunda semana de vida. Os cordeiros são abatidos em frigoríficos da região e as peças, vendidas em restaurantes e supermercados do estado, especialmente Curitiba. A cooperativa também vende reprodutores aos interessados. Na Castrolanda, há 25 ovinocultores.
Os cordeiros são abatidos com até 150 dias aos cerca de 40 quilos de peso em pé. Com o projeto de melhoramento genético, o núcleo vai selecionar os melhores reprodutores e fêmeas para gerar cordeiros que apresentem condições para o abate aos 120 dias com um peso médio de 42 quilos.
Outro resultado a ser buscado é o número de crias por gestação. Hoje 20% das matrizes geram gêmeos no programa da Castrolanda, enquanto a meta é alcançar 60%. Normalmente, nasce apenas um cordeiro a cada prenhez.
Segundo o coordenador de ovinocultura da Castrolanda, Tarcísio Bartmeyer, o melhoramento genético também pode influenciar a qualidade da carne do cordeiro. "O melhoramento padroniza o sistema de produção. Com isso o produtor consegue uma mesma quantidade de gordura e de tamanho das peças", comenta. O cordeiro tem um sabor mais suave e uma carne mais macia em relação ao borrego, que é o animal com até 12 meses, e ao carneiro ou à ovelha, acima de um ano de idade.
O projeto de melhoramento genético conta com a parceria da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) e o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Conforme o zootecnista da Seab que acompanha o setor, José Antonio Garcia Baena, a secretaria tem ações para fomentar as organizações de ovinocultura que surgem no estado. "A cadeia tem muito o que fazer para se consolidar de vez. Mas, temos apoiado e fomentado as organizações e feito parcerias com o Senar para levar capacitação para o campo", comenta.
Mercado interno é suprido com importação
Parece uma contradição, mas o brasileiro que consome pouca carne brasileira de ovinos ainda importa peças ovinas do Uruguai, da Argentina e até do Chile. Para o médico veterinário, ovinocultor e presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Afonso Schwab, o setor ainda precisa se estruturar melhor e o primeiro passo é o aumento do rebanho.
"Em 1970 nós tínhamos 17 milhões de cabeças de ovinos para uma população de 90 milhões de brasileiros. Hoje somos quase 200 milhões de brasileiros e sabe quantas cabeças de ovinos nós temos? São os mesmos 17 milhões", informa Schwab. Há controvérsia sobre o número do rebanho paranaense. Sabe-se apenas, conforme as estatísticas divulgadas pela Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), que entre 2003 e 2007 cresceu 30% o abate de ovinos no estado. Em 2007 - levantamento mais recente - foram abatidas 239,4 mil cabeças.
O Paraná também não possui frigoríficos específicos para o abate de ovinos. Conforme o zootecnista da Seab José Antônio Garcia Baena, são usados os frigoríficos de abate de suínos, já que a altura dos animais é semelhante. De acordo com Schwab, que é do Rio Grande do Sul, o estado gaúcho possui frigoríficos com estrutura ociosa porque a oferta de animais é pequena.
A comercialização de carne de ovinos é acompanhada por certificação e inspeção sanitária. No entanto, a informalidade impera no setor, relata o técnico. "Temos criadores de ovinos em todos os estados brasileiros, mas 92% abatem na informalidade." Com isso, outro aspecto é a ausência de uma estrutura para exportação. O presidente da Arco lembra que não há um protocolo sanitário para exportação e a produção também é insuficiente.
Sobre a previsão de crescimento da cadeia produtiva do setor, Schwab acredita que é preciso esforço no campo, mas principalmente nas estruturas do poder Executivo dos estados. "Precisamos da mão do Estado para criar políticas de financiamento e reduzir a carga tributária para os criadores", aponta.
A carne de ovinos ainda é em média 20% mais cara que a bovina. O coordenador de ovinocultura da Castrolanda, Tarcísio Bartmeyer, acredita que um trabalho de marketing mais específico para a divulgação da carne pode ajudar. "A carne é muito saudável e macia e precisamos divulgá-la melhor", acrescenta.
Aumento contínuo
Dados disponíveis mostram crescimento gradual do número de abates no Paraná. Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
2003 - 184.135 animais abatidos
2004 - 197.790 animais abatidos
2005 - 214.619 animais abatidos
2006 - 229.207 animais abatidos
2007 - 239.474 animais abatidos
As informações são da Gazeta do Povo, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
Pedro Alberto Carneiro Mendes
Fortaleza - Ceará - Consultoria/extensão rural
postado em 03/11/2012
Acredito que esses frigoríficos fechados e transformado em elefantes brancos, são frutos de estudos baseados em visões super estimadas, longe da realidade.
Um rebanho de 1.000 matrizes, considrerando a produção obtida com os índices tecnicos de alta tecnogia, produzirá animais suficientes para o abate de 4 animais dia.
Esse abate não permite auto suficiencia do frigorífico e nem independencia financeira do produtor.
Aí vem os problemas, falta de quantidade suficiente para o funcionamento do frigorífico, falta de constância na oferta e ainda temos que considerar uma demanda insatisfeita para o animal criado de qualquer jeito. E vem o abate informal.
Estou trabalhando a 15 anos na área e ainda não encontrei um jogador.