O índice Reuters/Jefferies CRB, que acompanha o preço de 19 commodities (como trigo, cacau, níquel e ouro), se expandiu em 24% no ano passado, o maior avanço desde 1973, na época do primeiro choque do petróleo quando a cotação do barril disparou e levou o indicador a subir 48%.
O melhor desempenho entre as commodities foi registrado pelo cobre, que subiu quase 140%, seguido pelo açúcar, que teve alta de aproximadamente 128%. Dos 19 preços que compõem o índice, só 2 terminaram o ano no vermelho: o do boi gordo, que caiu 0,2%, e o do trigo, que encolheu 11%.
O avanço se deve principalmente à demanda chinesa, o maior consumidor mundial de commodities como minério de ferro e cobre e que compensou parte da maior retração da economia global desde o fim da Segunda Guerra. A previsão é que o PIB chinês, o terceiro maior do mundo, tenha terminado 2009 com um avanço de 8,5%, de acordo com o FMI.
O país asiático importou volumes recordes tanto de minério de ferro -do qual o Brasil é um dos maiores produtores- como de cobre, servindo de contraponto à fraca demanda dos EUA e da zona do euro, cujas economias devem ter encolhido, respectivamente, 2,7% e 4,2% no ano passado.
Outra razão para esse aumento nos preços é que a queda em 2008 foi violenta: 36%, a pior desde pelo menos 1957, quando foi criado o índice Reuters/Jefferies CRB. A pontuação registrada está próxima do nível do fim de 2004 e está cerca de 31% abaixo do seu recorde, de fevereiro de 2008.
Um exemplo dessa situação é o preço do barril de petróleo. Ele subiu aproximadamente 80% no ano passado na comparação com o fim de 2008 (está hoje perto da casa dos US$ 80). No entanto, ainda tem uma distância muito longa a percorrer para alcançar o pico registrado dois anos atrás: o preço atual é cerca de 45% inferior ao de julho de 2008, antes de a crise financeira se espalhar do mundo desenvolvido para os países emergentes.
Previsão para o ano
Para o analista Kevin Norrish, especialista em commodities do Barclays Capital, ainda "existe muito potencial de crescimento" para os preços desses produtos. "Se você olhar para o portfólio global de ativos que há por aí, a porcentagem de aplicação em commodities é pequena, menos de 1%."
O FMI vai pelo mesmo caminho, dizendo que a cotação deve continuar subindo neste ano, à medida que a economia global se expanda, passado o pior da crise internacional.
"A demanda deve ser, de modo geral, a principal fonte de pressão de alta (nos preços), visto que se espera que a atividade global avance em um ritmo mais rápido. Com os estoques ainda acima da média para muitas commodities e muita capacidade ociosa em vários setores de commodity, a pressão de alta provavelmente deve permanecer moderada por algum tempo, a não ser que ocorra um crescimento global mais forte que o esperado ou outras surpresas que levem ao fim desses amortecedores", disse o Fundo, em documento publicado.
Bolsa
O mercado de ações também teve um ano positivo, aproveitando para recuperar parte do prejuízo de 2008. A Bolsa de Londres teve a maior alta desde 1997, com ganho de 22%. Já o índice Dow Jones, de Nova York, subiu 20%, a maior alta desde 2003. Nos mercados emergentes asiáticos, a alta foi ainda mais expressiva. Xangai, na China, se valorizou em 80%, e a Bolsa de Jacarta (Indonésia) teve ganhos de 87%.
Na maioria dos casos, porém, as Bolsas de Valores globais ainda permanecem distantes do seus picos recentes.
A reportagem é da Folha de São Paulo, adaptada pela Equipe AgriPoint.
Envie seu comentário: