O FarmPoint realizou uma enquete com o objetivo de levantar qual é o preço que os produtores recebem hoje pelo kg/vivo do cordeiro. Além de produtores, o FarmPoint entrou em contato com vários frigoríficos questionando o preço pago ao produtor. A enquete teve a participação de 11 estados brasileiros (SP, RS, BA, SC, PE, MG, PB, PA, MS, PI, MA).
Os produtores de São Paulo e Mato Grosso do Sul são os que recebem o maior valor pelo kg/vivo dos cordeiros (R$ 4,5 kg/vivo), seguidos de Minas Gerais (R$ 3,95 kg/vivo), Paraíba (R$ 3,8 kg/vivo), Pernambuco (R$ 3,72 kg/vivo), Maranhão (R$ 3,6 kg/vivo), Bahia e Santa Catarina (3,5 kg/vivo), Rio Grande do Sul (R$ 3,45 kg/vivo) e Pará (R$ 3,3 kg/vivo).
Comentários dos leitores
Maurício Azevedo Brazileiro, consultor e autônomo de Salvador/BA comentou que a carne caprina e ovina são de certa forma mais raras que a carne bovina, suína, frango e peixe, porém, os produtores não recebem valores compatíveis com tal característica. "Por que não nos juntamos e nos organizamos para pleitearmos melhores preços? Por que as empresas de consultoria e imprensa especializada no assunto não promovem aos pequenos, médios e grandes produtores planilhas de controle de gestão? Acredito que a partir disso saberíamos os preços de custos do kg vivo dos nossos animais."
Silvio Fernando Guimarães de Carvalho, produtor de ovinos de Montes Claros/MG e professor titular da Universidade Estadual de Montes Claros cita que lamentavelmente ainda não há frigorífico para abate de ovinos e caprinos no Norte de Minas Gerais. "O nosso gargalo é a comercialização, vendemos para Belo Horizonte a 450 km de Montes Claros a um preço de R$ 3,00 o kg/vivo, subtraindo deste o valor de R$ 0,65 por kg/vivo do frete, nos resta receber R$ 2,35 por kg/vivo."
De acordo com Diego Magri Bernardes, médico veterinário e consultor de São Sebastião do Paraíso/MG, o preço na região varia de R$ 8,00 a R$ 12,00 o peso da carcaça. "O maior problema é a falta de escala. Ainda não conseguimos juntar volume para entregar a algum frigorífico e sem volume, o frete é empecilho."
Segundo João José de Santana, produtor de ovinos de Barreiras/BA, o frigorífico da região não diferencia o preço para cordeiros ou ovelhas de descarte, o que desestimula a produção de animais de qualidade. "Tenho um plantel de aproximadamente 500 matrizes cruzadas de Dorper e não tenho conseguido um preço diferenciado para os cordeiros. Aqui o frigorífico está pagando R$ 6,50 a carcaça, o que dá entre R$ 2,60 a R$ 2,90 dependendo do rendimento."
Jaime de Oliveira Filho, consultor de Itapetininga/SP comentou que na região há um Núcleo parceiro do frigorífico local que paga pelo aproveitamento de carcaça. "Recebemos R$ 4,50 para cordeiros com 50% de aproveitamento de carcaça, mas com a diminuição de oferta, acredito que haverá novas negociações nestes preços. Acredito que o criador que tenha controle da sua atividade mantendo uma gestão simples possa saber seus custos e sua lucratividade, isto é fundamental, pois dependendo, R$ 5,00 pode ser bom ou ruim."
O FarmPoint também entrou em contato com alguns frigoríficos dos Estados de SP, RS, BA, PR, PE, TO e MS para conhecer as dificuldades da indústria e saber qual é o preço que está sendo pago pelo kg/vivo dos cordeiros. Dos estados consultados, os frigoríficos de São Paulo são os que estão pagando mais pelo kg vivo dos cordeiros (R$ 4,24), seguido dos frigoríficos do Paraná (R$ 3,75), Pernambuco (R$ 3,37), Bahia (R$ 3,29), Rio Grande do Sul (R$ 3,26), Mato Grosso do Sul (R$ 2,50) e Tocantins (R$ 2,38).
A grande maioria dos frigoríficos reclamou da capacidade ociosa dos seus estabelecimentos e da presença do abate informal, um dos principais gargalos da ovinocultura. Também citaram a crescente demanda pela carne ovina e a baixa oferta de animais para o abate.
A escassez na oferta de cordeiros e a queda das importações seguem empurrando os preços para cima.
O Brasil tem um potencial enorme para produção de cordeiros com a qualidade exigida pelo mercado. Chegou a hora da cadeia unir forças para estruturar a atividade e suprir/aumentar a demanda interna para posteriormente atingir também novos mercados. Os produtores que investirem na atividade hoje podem colher bons frutos.
"Uma andorinha só não faz verão".
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Equipe FarmPoint
Dr° Luis Carlos Rodrigues
Quintana - São Paulo - Consultoria/extensão rural
postado em 23/07/2010
Será que a instalação de Abatedouros Municipais com "SIM" não criaria um atendimento aos nichos de mercados?