Apesar da escassez de oferta de milho no mercado doméstico, nesse nível ainda não é viável importar o produto argentino, de acordo com fontes do mercado, mas tradings de grãos que atuam no Brasil já fizeram consultas sobre essa possibilidade.
Apesar de os preços no Nordeste não estarem muito distantes da paridade de importação, analistas acham difícil que ocorram compras de milho argentino, principalmente no primeiro semestre deste ano. A razão é que o início da colheita do grão no Brasil, ainda que atrasado, deve aliviar o quadro de oferta e de preços do produto.
"Tudo vai depender de como será a safrinha. A importação é um plano B", comentou Paulo Molinari, da Safras & Mercado. Ele se refere à segunda safra de milho, cujo plantio já está atrasado por conta da lentidão na colheita de soja. O grão é plantado em áreas cultivadas com a oleaginosa na safra de verão.
Molinari observa ainda que a safra de milho da Argentina deve recuar em relação ao ciclo anterior. Afora isso, as exportações de milho dependem de licenças do governo argentino, limitadas, por enquanto, a cinco milhões de toneladas, segundo um trader.
Em 12 meses, o milho já subiu 71,27% no mercado doméstico, segundo o indicador Esalq/BM&FBovespa, acompanhando, em parte, a valorização no mercado de Chicago.
Queda nos estoques de milho e consumo elevado nos EUA - principalmente por causa do etanol -, além da demanda chinesa, têm mantido as cotações firmes. No Brasil, nem a intervenção do governo, que desde novembro já vendeu 1,776 milhão de toneladas de seus estoques, fez os preços caírem. Hoje, a Conab leiloa mais 407 mil toneladas para garantir o abastecimento. "Os preços não caem porque o mercado está atrás de milho", resume Sílvio Farnese, diretor de programas da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.
A matéria é de Alda do Amaral Rocha, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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