Para ele, a ameaça de recessão nos Estados Unidos vai obrigar o país a manter o dólar desvalorizado por um período ainda longo, o que representa um estímulo à demanda por commodities. Soma-se a isso o aumento do consumo de carnes nos países em desenvolvimento, que devem continuar a crescer em ritmo acelerado nos próximos anos, e do uso de milho para a fabricação de etanol nos Estados Unidos, que deve absorver mais de 110 milhões de toneladas na safra 2011/12. "Vejo o mundo comprando mais alimentos e pagando mais caro por eles. É difícil imaginar uma redução dessa pressão sobre os preços", afirma.
Zani observa que, diferentemente do que aconteceu em 2008, quando os preços das commodities caíram pela metade em poucos meses, desta vez a queda foi contida. Mesmo assim, diz o executivo, o cenário não está livre de riscos. Para ele, o maior deles é a China passar a crescer menos em um cenário de recessão prolongada na União Europeia e Estados Unidos, principais mercados para os produtos fabricados no país asiático. "Isso poderia afetar nossas exportações de carne e a demanda por rações", alerta. Ele observa ainda que, embora o setor de alimentação animal tenha conseguido repassar o aumento de custos, os produtores de carnes tiverem de conviver com margens mais apertadas.
O câmbio valorizado é outro problema. De acordo com o executivo, "as exportações brasileiras de suínos e aves dão sinais crescentes de perda de competitividade, o que é um problema". Os dois segmentos respondem por aproximadamente 80% da demanda doméstica por ração.
O Sindirações estima que a produção doméstica de rações deve crescer cerca de 4% em 2011, ritmo semelhante ao observado em 2010, quando o volume ficou em 61 milhões de toneladas. A expectativa é de que a produção aumente em aproximadamente 30% até o fim da década, superando a barreira das 80 milhões de toneladas anuais. "Isso significa que vamos precisar consumir quase 50 milhões de toneladas de milho ao ano", projeta o porta-voz. No ano passado, estima, o setor processou aproximadamente 36 milhões de toneladas do grão.
As informações são do jornal Valor Econômico, adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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