A safra de grãos - soja, milho, trigo, arroz e feijão - deverá crescer 36,7%, passando de 129,8 milhões de toneladas em 2008/2009 para 177,5 milhões em 2019/2020. As carnes bovina, suína e de aves deverão seguir percentual parecido, com aumento de produção estimado em 37,8%, incremento de 8,4 milhões de toneladas. Três outros itens com elevado crescimento previsto são açúcar (mais 15,2 milhões de toneladas), etanol (35,2 bilhões de litros) e leite (7,4 bilhões de litros).
O óleo de soja e a celulose merecem atenção, na opinião do coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Mapa, José Garcia Gasques. "O óleo de soja segue tendência mundial, pois a demanda tem crescido nos mercados interno e externo, inclusive, para a utilização como biocombustível. No caso da celulose, o crescimento será expressivo, pela substituição de florestas nativas por plantadas", afirma.
De acordo com a pesquisa, o crescimento agrícola no Brasil deve ocorrer com base na produtividade. Os resultados revelam maior acréscimo da produção agropecuária que de área plantada. As projeções indicam que, de 2010 a 2020, a taxa anual média de crescimento das lavouras deve ser de 2,67%, com incremento de 0,45% na área.
As estimativas para o período 2019/2020 apontam que a área total de lavouras deve passar de 60 milhões de hectares em 2010, para 69,7 milhões em 2020, incremento de 9,6 milhões de hectares. Essa expansão concentra-se na soja (mais 4,7 milhões de hectares) e cana-de-açúcar (mais 4,3 milhões). O milho deve ocupar mais um milhão de hectares e as demais lavouras analisadas mantêm-se praticamente sem alteração ou até perdem área, como as culturas de café, arroz e laranja.
Apesar da tendência de aumento das exportações, nos próximos anos, o mercado interno será um forte fator de crescimento. Do aumento previsto para a soja e o milho, 52% e 80%, respectivamente, serão dirigidos ao mercado interno.
Apesar das projeções de crescimento, o novo estudo apresentou uma revisão para baixo das estimativas para as próximas safras. Segundo José Garcia Gasques, informa que teve que rever nossas projeções porque houve um impacto significativo crise financeira global e o clima desfavorável no Sul do país em 2009 sobre a produção estimada no estudo anterior. "Por esses dados, fica clara a interferência da crise mundial", afirmou Gasques.
A freada atingirá a produção de milho, soja, trigo, feijão, açúcar, mandioca e de carnes bovina e suína. No complexo carnes, por exemplo, o recuo na demanda internacional derrubou em 22% a previsão de crescimento da produção até 2020. Em dez anos, as indústrias de frango, bovinos e suínos deveriam produzir 37,2 milhões de toneladas de carne, mas chegarão a apenas 30,5 milhões de toneladas, segundo o estudo. O crescimento de 12,6 milhões de toneladas antes previsto, será limitado a 8,4 milhões de toneladas.
No caso dos grãos, deve haver uma redução de 179,8 milhões para 177,5 milhões de de tonelada em dez anos. A produção de milho, soja, trigo, arroz e feijão em 2020 ficaria, segundo as novas previsões, 1,3% abaixo da estimativa anterior.
Ainda assim, indica o novo estudo, haverá elevação substancial na produção nacional de laranja, carne de frango, etanol, algodão, leite, arroz e batata.
As informações são do Mapa e do Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
Antônio Elias Silva
Campo Alegre de Goiás - Goiás - Produção de leite
postado em 05/03/2010
Se estivéssemos aumentando a produção de grãos no mesmo ritmo do período 1995-2003 (de 6,5% aa) nos últimos sete anos, já estaríamos produzindo perto de 200 milhões de toneladas de grãos em 2010. Estamos perdendo "share" do mercado global. A nossa produção tem patinado em torno de 130 milhões neste último período, exatamente quando as commodities dobraram de preço em termos reais no mercado internacional. Temos perdido uma chance de ouro de termos consolidado um grande mercado em exportações, em favor da Argentina, Uruguai, Paraguai e outros países. Três coisas não se recupera: o tempo passado, a palavra dita e a oportunidade perdida.