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Produtores europeus reclamam de pressões do varejo

postado em 03/12/2009

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Padraig Walshe que foi presidente da Associação dos Agricultores da Irlanda e se tornou presidente da Copa-Cogeca, a poderosa central sindical dos agricultores europeus.

Disse ontem, à margem da conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), estar preocupado com o que chama de aumento de poder dos supermercados em detrimento dos produtores, no cenário de recessão e fragilidade econômica.

"O que realmente mudou para a agricultura foi o crescente poder dos varejistas na cadeia de produção de alimentos", disse ele. "Os supermercados prometem aos consumidores mais alimentos por menos dinheiro, e para isso cortam as margens dos produtores, mas aumentam as suas", afirmou.

Walshe acusa os varejistas de cobiça excessiva, de "canibalizar" a renda dos agricultores e deixar parte deles em situação financeira desesperadora. "Se continuar desse jeito, não dá para ter nem um pequeno lucro, e a Europa vai produzir menos alimentos". Segundo ele, na Irlanda, a renda dos produtores vai cair 28% este ano, ficando em média em € 16 mil, incluindo os subsídios recebidos, soma em todo caso insuficiente para pagar os bancos e sobreviver.

As informações são de Assis Moreira, publicadas no Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.

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Comentários

Sergio Caetano de Resende

Belo Horizonte - Minas Gerais - Produção de leite
postado em 03/12/2009

O presidente de uma central sindical de produtores pede aos varejistas para pagarem mais pelo leite: isso é ridículo. Os supermercados tem que comprar pelo menor preço e vender pelo maior preço. A indústria de laticínios também. Não adianta pedir, ameaçar ou chorar. O lucro não sente vergonha.

Também não adianta subsidiar a produção como vem sendo feito nos países desenvolvidos há muito tempo. Adia o problema do êxodo rural e violência nos centros urbanos. Vale dizer que no Brasil não existe subsídio e sim impostos e contribuições parafiscais.

A única solução que existe é a isenção de ICMS, COFINS e previdência social para os produtos vendidos diretamente pelo produtor rural aos consumidores finais (restaurantes, inclusive). Do contrário o Estado estaria subsidiando os laticínios e os supermercados pois sempre controlam os preços. Com impostos, o produtor rural não tem condição de competir com a economia de escala dos laticínios e supermercados.

O Estado tem que participar da solução, com custos, porque a produção e o consumo de laticínio tem relevância social. Além da isenção no comércio direto, o Estado precisa oferecer suporte material, tecnológico e de segurança alimentar.

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