O trabalho visa qualificar 100 técnicos no âmbito do projeto Cabra do Piauí, sendo 25 técnicos em cada município envolvido nas duas primeiras fases. "A idéia é fazer com que os nossos técnicos possam ser multiplicadores e a partir daí fazer com que os agricultores familiares destas regiões possam ter a caprinovinocultura como um empreendimento, gerando renda e trabalho no semi-árido", disse Adalberto.
Os cursos estão sendo realizados a partir de um convênio do Governo do Estado do Piauí, através do Emater, com o IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura) e BNB (Banco do Nordeste). O trabalho será encerrado na próxima sexta-feira (27).
"A realidade da produção de caprinos e ovinos é de baixa produtividade, baixo índice de natalidade e de peso de carcaça. O que queremos é que, a partir dessas capacitações, a médio e longo prazo, ter um horizonte de melhoramento destes índices, partindo de um melhoramento genético, fazendo com que os agricultores familiares passem a ter uma renda mínima sustentável nesta atividade. A expectativa ainda é que, no prazo de um ano, estes agricultores familiares tenham uma cultura de empreendedorismo nesta atividade e possam gerar uma renda de pelo menos R$ 600 por mês para cada família", explica Adalberto.
O diretor explica que a primeira fase do curso aconteceu de 15 a 19 deste mês, nas cidades de Oeiras e São Raimundo Nonato, envolvendo 25 técnicos em cada município, oriundos de vários outros municípios da região. "Para se ter uma idéia, no ano passado, só o Banco do Nordeste financiou mais de cem mil matrizes nesta região. Nossa preocupação é que este rebanho financiado não gerou o que se esperava. Queremos iniciar com um público menor de agricultores familiares por município em cada região e a partir daí fomentar a cultura da caprinovinocultura na região", finaliza Adalberto.
O Governo está buscando identificar e considerar as diferenças locais para construir projetos ambientalmente corretos, socialmente justos, economicamente viáveis e culturalmente adaptados aos diferentes padrões e sistemas dos territórios de ação. A proposta visa ainda concentrar as diversas instituições econômicas, sociais e políticas nesta cadeia produtiva, considerando todas as etapas de produção e distribuição que agregam valor a produtos e serviços até o consumidor final.
Partindo de uma explanação sobre a produção de caprinos e ovinos, mostrando desde as vantagens da criação destes animais na região semi-árida e buscando fazer um comparativo destas vantagens com a criação de bovinos, por exemplo, os ministrantes dos cursos buscam atentar os técnicos para a rusticidade dos caprinos e ovinos, atentando ainda para a utilização de elementos regionais no manejo destes animais. "Temos tido muitas surpresas, como na parte de inseminação artificial com a conservação de sêmen em água de coco, uma coisa nova, e os técnicos têm dado grande importância a isso", disse a assistente social Maria Góis, que participa da coordenação dos cursos.
O médico veterinário José Maurício, um dos ministrantes do curso de capacitação, disse que tanto os pequenos, quanto médios e grandes produtores estão arraigados a técnicas antigas, sem nenhuma fundamentação científica e tecnológica. "É preciso mudar isso. É preciso que os agricultores familiares passem a encarar a sua produção como negócio e como subsistência, independente do seu tamanho, para assim poder absorver estas tecnologias, que podem aumentar a sua produção e mudar sua própria qualidade de vida", diz.
Ele falou das dificuldades que o agricultor familiar enfrenta no manejo da produção de caprinos e ovinos. "Uma coisa que eu demonstro no curso é que dentro de uma propriedade você tem basicamente três formas de manejo, que é a nutrição, a sanidade (que é o controle e prevenção de doenças) e a reprodução. Essas coisas estão interligadas. Muitas vezes, até mesmo um grande produtor quer dar um incremento na produção com a aquisição de reprodutores de elevado preço, mas ele não tem condição de fazer isso se não tiver um manejo eficiente de nutrição e sanitário do rebanho", finalizou Maurício.
As informações são da Coordenadoria de Comunicação Social do Governo do Piauí (Ccom), resumidas e adaptadas pela equipe FarmPoint.
Envie seu comentário: