O projeto está sendo desenvolvido no Centro de Ensino e Pesquisa em Ovinocultura (Cepov), na Fepagro Viamão. No local, pesquisadores farão estudos que tiveram quase seis anos de planejamento e preparação. O trabalho irá avaliar os diferentes sistemas de alimentação de cordeiros terminados em pastagem de verão, para a produção sustentável de carne ovina de qualidade no outono. "Durante o período em que a ovinocultura no RS era destinada exclusivamente à produção de lã, o pouco consumo que havia era de animais de descarte, velhos e de baixa qualidade e que já não respondiam quanto à produção de lã" - relata o chefe da Divisão de Validação de Tecnologias, Produção e Prestação de Serviços, Flávio de Conde Albite.
Essa conjuntura criou uma rejeição do consumidor à carne de ovelha. Com a entrada do fio sintético no mercado, seu consumo ficou ainda mais restrito. A carne de cordeiro será apresentada como alternativa econômica, reconhecendo nos ovinos uma espécie que completa o manejo de pastagens quando consorciado com o gado, acreditam os pesquisadores.
A pesquisa multidisciplinar é coordenada pelos pesquisadores da Fepagro, Zélia Maria de Souza Castilhos e Flávio de Conde Albite, responsável pela unidade de pesquisa em Viamão e pelo engenheiro agrônomo e professor da UFRGS, Cesar Poli. Também participam cientistas da Universidade Federal do Paraná e da UFRGS.
Informações inéditas
O projeto gerará os seguintes dados: desempenho da pastagem; desempenho animal; emissões de metano; infecções de parasitoses gastrointestinais; características da carcaça do cordeiro; qualidade da carne; resposta genética dos animais; informações para modelar análises econômicas de diferentes sistemas de alimentação de cordeiros terminados no outono.
A pesquisa dará um importante impacto na redução da sazonalidade de produção de carne de ovinos, no melhoramento da sua qualidade e na sustentabilidade ambiental. Essa diminuição de períodos promoverá avanços importantes na indústria (com a diminuição da capacidade ociosa) e no comércio, além de gerar impactos para o consumidor (com o oferecimento de carne de qualidade) e para o produtor (com o aumento do retorno econômico).
Tempo de avaliação
A avaliação será feita durante dois anos. No primeiro ano, serão analisados três tipos diferentes de gramíneas de grande importância para o Brasil e principalmente para a região Sul: grama bermuda (Cynodon spp.cv. Tifton-85); capim aruana (Panicum maximum cv. IZ-5); e braquiária brizanta (Brachiaria brizantha cv. Marandu).
"O critério que nós vamos usar é a avaliação econômica. Qual a melhor espécie forrageira em termos econômicos? Também vamos avaliar como os animais vão se comportar" - explica Zélia Castilhos, responsável pelas avaliações de pastagem. Quem cuidará das avaliações durante este primeiro ano de estudos de desempenho de pastagem e do desempenho animal será a aluna de doutorado Andréia Barros de Moraes. "Nós vamos verificar qual a melhor pastagem. A que der melhor rendimento de gordura de cobertura. E aquela que tiver melhor retorno econômico vai ser repetida na segunda fase do projeto com suplementação" - salienta Andréia.
Um dos graves problemas que afetam a agropecuária é o parasitismo. Quem fará análises e pesquisas sobre o assunto é o aluno de mestrado Fernando Magalhães de Souza. "Nós estamos tentando identificar e entender como o ambiente influencia na infestação das larvas na pastagem, por isso analisamos temperatura, umidade e incidência de raios solares. Além disso, faremos exames parasitológicos nos ovinos", explica Fernando.
Segundo ano
Será avaliada, no segundo ano, a gramínea que tiver o melhor desempenho na análise econômica, com o uso de diferentes formas de suplementação alimentar dos animais. Os tratamentos serão:
1 - Escolha da espécie de gramínea com melhor rendimento na análise econômica;
2 - Suplementação a 1,5% do peso vivo com ração à base de farelo de soja e milho, balanceada conforme requerimento alimentar;
3 - Suplementação a 2,5% do peso vivo com ração à base de farelo de soja e milho, balanceada conforme requerimento alimentar;
4 - Oferecimento de uma área suplementar sem restrição de consumo de feijão miúdo (Vigna unguiculata).
"É um estudo muito pretensioso. Nós estamos trabalhando três espécies muito diferentes e muito importantes. Cada uma delas tem qualidades e defeitos, um lado bom e um lado ruim. Eu não conheço nenhum estudo comparativo deste tipo" - salienta César Poli, responsável pelo manejo geral.
Financiamento
"Este projeto é financiado pelo CNPq, temos ajuda da Fepagro, que entrou com muitos recursos, da UFRGS e até mesmo a Universidade de Brasília (UnB). Os investimentos pagam os materiais e as bolsas dos alunos. É um grande projeto e com um excelente custo-benefício - afirma o professor. Segundo ele, serão gerados três teses de doutorado, três dissertações de mestrado e quatro estágios curriculares de diferentes universidades brasileiras e internacionais".
As informações são da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
Max Soares Garcia
Pinheiro Machado - Rio Grande do Sul - Consultoria/extensão rural
postado em 15/02/2012
Importante iniciativa, mas questiono as gramíneas utilizadas, pois o maior volume de ovinos no estado se encontra em regiões ( zona sul, campanha e fronteira oeste ) onde as baixas temperaturas, desconheço permitirem prosperar econômicamente tais gramíneas. Fica o questionamento!