No ano passado, apesar do crescimento registrado nas exportações globais, os volumes exportados do Uruguai destinados ao Brasil caíram 31%, totalizando 6.721 toneladas. No entanto, a participação das compras do Brasil ficou em 21%. Durante o ano de 2009, o valor médio exportado ao Brasil foi de US$ 2.435 por tonelada, representando 74% do valor médio que o Uruguai obteve por suas vendas à União Europeia (UE).
No ano de 2010, foram registradas importantes mudanças nessa relação. A oferta de exportação do Uruguai caiu fortemente e o Brasil passou a ter um papel muito importante na demanda compradora de carne ovina do Uruguai. Embora os volumes vendidos ao Brasil nos primeiros 11 meses tenham caído como consequência da menor oferta, a participação do Brasil nos volumes totais de vendas aumentou para 30% e é muito provável que feche o ano com uma proporção ainda maior.
A mudança fundamental nas vendas ao Brasil foi registrada na evolução do valor, com esse apresentando uma alta sustentada desde o mês de maio de 2010, favorecida pela evolução no tipo de câmbio do Real e pela escassa oferta de carne ovina uruguaia. Desde o mês de maio se registrou uma alta sustentada nos preços de exportação ao Brasil, aumentando 75% no período e superando de forma notória os preços obtidos pelas vendas à Europa. Como consequência, no período de janeiro a novembro, o valor médio de exportação ao Brasil ficou 24% maior do que o valor correspondente à União Europeia (UE), mudando o ranking histórico entre ambos os mercados.
Com um aumento de 40% na oferta de cordeiros para abate, os preços de novembro reverteram a tendência de alta. Após 25 semanas de crescimento de preços, os valores do cordeiro pesado começaram a cair desde o começo do mês de novembro, ficando até o fim desse mês entre US$ 4,50 e U$ 4,70 por quilo de carne, caindo 13% com relação ao recorde registrado no fim de outubro.
Nas categorias adultas, o panorama de preços repetiu o comportamento registrado nos cordeiros, com baixas de preços em todas as categorias e escassa demanda por parte da indústria que mantém preferências pelos cordeiros. Nas categorias de capões e ovelhas, a queda de preços ficou em US$ 0,90 por quilo de carne, queda que representa cerca de 20%.
Nova Zelândia e Austrália
Devido às graves perdas de cordeiros durante o mês de setembro, consequência de condições climáticas desfavoráveis, a Beef and Lamb New Zealand corrigiu suas estimativas. Durante o período de de 2010-2011 (outubro-setembro), o número de cordeiros foi estimado em 25,11 milhões de cabeças, ou seja, 2,8 milhões a menos que a produção do ano anterior (maior taxa de redução dos últimos 25 anos) e o volume de exportação foi estimado em 21,4 milhões de cabeças, o que significa uma queda de 1,7% nos volumes de exportação projetados para o próximo ano.
O ano climático de 2010 na Austrália se caracterizou por uma mudança substancial no regime de chuvas. Após vários anos de condições de seca predominantes na maioria dos estados australianos, este ano manteve características incomuns, com um regime de chuvas não registrado em muitos anos para a maioria das regiões.
Essa situação vem permitindo condições forrageiras melhores com relação aos últimos anos, favorecendo a produção de cordeiros e sendo um fator de fortalecimento dos preços de mercado. No recente prognóstico da Agência de Meteorologia da Austrália se previu que as condições de chuvas abundantes se manterão no primeiro trimestre de 2011, o que significaria um verão de abundantes chuvas pelo segundo ano consecutivo.
Os preços mantêm a tendência de alta apesar do pico de oferta da primavera. A carne de carneiro alcançou até o final de novembro novos recordes de preços, refletindo a queda da oferta dessa categoria diante da boa situação forrageira. O preço da carne de carneiro alcançou no final de novembro valores de US$ 4,03 por quilo de carne, aumento de 56% com relação ao mesmo período do ano anterior.
A reportagem é do LaRepublica.com.uy, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
Kelly Louveira
Bragança Paulista - São Paulo - Distribuição de alimentos (carnes, lácteos, café)
postado em 10/12/2010
Oportunidade para o Brasil?