Hoje, 800 km da ferrovia estão em construção. Alguns em estágio avançado, com a instalação dos trilhos, caso do trecho de Missão Velha. Mas a maioria ainda está em fase de terraplenagem e construção de pontes e bueiros, a parte mais complicada do projeto. Embora sejam menos acidentados que no Sudeste, os terrenos recebem tratamento pesado para ficarem planos. A terra retirada de áreas mais altas é usada para cobrir vales e deixar a estrada reta, pronta para a instalação dos trilhos.
Mas isso não é feito de uma só vez. A terra é colocada no local em pequenas camadas de 30 centímetros e depois recebe o tratamento de um rolo compactador. Em seguida, o mesmo procedimento é repetido - 65 vezes em alguns aterros - até o terreno ficar plano, explica o diretor de contrato da Odebrecht, Paulo Falcão. A empreiteira tem nove lotes da ferrovia em construção. Durante a visita do presidente Lula, a CSN assinou mais um contrato de quatro lotes com a construtora. Na ocasião, a empresa também fechou com a Andrade Gutierrez, que ficará com quatro lotes, e com a Galvão, que terá três lotes.
No total, a Transnordestina custará R$ 5,42 bilhões - quase R$ 1 bilhão a mais que o previsto no orçamento inicial. Da mesma forma, a data de término da obra também foi revista. Era para estar totalmente concluída este ano, mas o primeiro trecho - entre Eliseu Martins (PI) e Suape (PE) - só ficará pronto em outubro de 2012 e a parte do Ceará, em 2013. Segundo o presidente da Transnordestina, Tufi Daher, a lentidão da obra nos primeiros quatro anos foi decorrente de uma série de contratempos, como a dificuldade na desapropriação das áreas e no financiamento.
Boa parte dos entraves já foi solucionada. Mas, no trecho do Ceará, 64% das áreas ainda precisam ser desapropriadas - a expropriação é feita pelo Estado com dinheiro do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). No caso da estruturação financeira, a obra tem empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Nordeste, Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (Finor). Até agora, a empresa já gastou R$ 1,6 bilhão, volume que deve crescer no início do ano, com a entrada em operação de outros canteiros, sendo um em janeiro e três em março.
Nesse estágio do empreendimento, o número de empregos - diretos e indiretos - deverá beneficiar 20 mil trabalhadores. Hoje, 11 mil pessoas trabalham com carteira assinada na construção. Como no resto do País, a questão da mão de obra especializada virou um gargalo para o desenvolvimento do projeto. Cerca de três mil funcionários tiveram de ser recrutados em outros Estados para atender a demanda. De acordo com Falcão, da Odebrecht, as maiores carências são os operadores de máquinas e equipamentos, cujo manuseio está cada vez mais sofisticado.
A reportagem é do jornal O Estado de S.Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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