De acordo com o pesquisador Fernando Alvarenga Reis, é no período chuvoso que as condições de calor e umidade favorecem a proliferação de doenças no rebanho, o que tende a se agravar na medida em que aumenta o número de animais por área. "As doenças vão atingir os animais em pasto ou confinamento que não possuam condições ideais de instalação", afirma Reis.
O mais fatal e oneroso problema continua sendo a verminose. Os principais sintomas são diminuição do apetite, perda de peso, pêlos arrepiados, os animais aparentam aspecto de cansados e ficam constantemente deitados e isolados em função da forte anemia. Sintomas parecidos também ocorrem com a coccidiose ou eimeriose, causada por protozoários.
Outros problemas comuns em condições de umidade são o foot-rot (podridão dos cascos), causado por bactérias, e ceratoconjuntivite (lacrimejamento e opacidade dos olhos). "Existem também as clostridioses e as pasteurelose para as quais são recomendadas vacinações específicas de acordo com um calendário e orientações dos laboratórios que produzem estas vacinas", explica o pesquisador.
Ele afirma que o controle de verminose é feito com o monitoramento por exames de fezes e cor da mucosa ocular. Deve-se vermifugar os animais assim que aparecerem os primeiros sintomas e adotar o rodízio de pastos respeitando o período mínimo de desocupação e descontaminação. "Usar rebanho bovino para pastejar a área dá bons resultados porque bovinos e ovinos não partilham os mesmos parasitas", explica. Para a podridão dos cascos existem vacinas, mas sua eficácia é relativa. Casos têm sido relatados que ora funcionam, ora não e parecem surtir melhor efeito a partir da terceira e quarta aplicação. A ceratoconjuntivite deve ser prevenida com a adoção de cuidados higiênicos. "É importante existir na propriedade um local para isolamento dos animais acometidos por qualquer tipo de doença", afirma Reis.
O pesquisador orienta os produtores a acompanharem de perto a alimentação do rebanho a fim de prevenir doenças.
Na região Nordeste, onde está concentrado o maior rebanho caprino e metade do rebanho ovino do País, a vegetação da caatinga é constituída de espécies que perdem suas folhas no início da estação seca. Quando começa a chover, há uma rebrota intensa das árvores e arbustos o que aumenta a oferta de alimentos para os animais.
A pesquisadora Nilzemary Lima da Silva explica que no período das chuvas, além de alimentos com maior valor nutritivo, os rebanhos dispõem de maior quantidade de forragem. "Os animais selecionam suas dietas na caatinga. Se forem dadas condições de livre escolha, os ovinos preferem gramíneas e outras herbáceas, enquanto os caprinos consomem maior quantidade de folhas de árvores e arbustos", afirma.
A pesquisadora alerta que os produtores devem se preparar agora, durante as chuvas, para que no próximo período de estiagem não falte alimento para o rebanho. "Deve-se armazenar alimentos de boa qualidade por meio dos processos de fenação e ensilagem, com isso o produtor poderá fazer a suplementação alimentar a fim de evitar a perda de peso dos animais. Outra vantagem é a possibilidade de produzir no período de entressafra estabilizando a disponibilidade de produtos de ovinos e caprinos para o mercado", explica Nilzemary.
As informações são de Adriana Brandão para a Embrapa Caprinos e Ovinos, resumidas e adaptadas pela equipe FarmPoint.
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