O produtor que tem a produção até 10 litros de leite caprino por dia, não sofrerá diminuição no seu fornecimento, não podendo ultrapassar está quantidade. E nem tão pouco, complementar os 10 litros dia com leite de outro produtor, caso isso ocorra, serão punidos os dois com a exclusão no fornecimento de leite. Caso o produtor forneça a quantidade de leite (cota), superior a estabelecida, a APASA não terá em hipótese nenhuma a responsabilidade de pagamento pela quantidade da cota excedida.
As informações são da Associação dos Pequenos Agropecuaristas do Sertão de Angicos (APASA), adaptadas pela equipe FarmPoint.
Genildo Fonseca Pereira
Apodi - Rio Grande do Norte - Pesquisa/ensino
postado em 09/12/2008
Produção de Leite de Cabra no Rio Grande do Norte é Freada Por Medida Arbitrária
A caprinocultura leiteira no Rio Grande do Norte completou em 2008 dez anos de atividade, mostrando-se como mais uma atividade da agropecuária que contribui para a fixação do homem no campo, com geração de emprego e renda para os produtores rurais, principalmente para os pronafianos (produtores com propriedades menores que quatro módulos fiscais e que retiram pelo menos 80% da sua renda da propriedade rural).
Hoje, depois de dez anos de atividade, um dos problemas continua sendo o preço pago pelo litro de leite que é de R$ 1,05 desde 2003. Além disso, o sistema de cotas imposto pela principal usina de beneficiamento de leite caprino do Estado, a APASA (Associação dos Pequenos Agropecuaristas do Sertão de Angicos), a partir de 01 de dezembro de 2008, tem levado os produtores a pensarem na sustentabilidade dessa atividade que para muitos é a principal fonte de renda.
A APASA recebe do Governo do Estado uma cota de leite bem inferior a produção de leite coletada. Apesar de localizar-se na região Central do estado, no município de Angicos, a usina coleta leite de outras regiões como Agreste, Litoral e Seridó, e esse sistema de cotas obriga a associação a tomar medida de retrocesso, ultrapassada, que limita a produção diária dos produtores, fazendo com que o pequeno produtor não possa ultrapassar 10 litros de leite/dia, o que resulta em grande frustração.
Essa medida é no mínimo contraditória a todo o trabalho feito pela EMATER/RN, como a doação de tanques de resfriamento, as oficinas de ordenha higiênica, o esforço dos técnicos nos escritórios locais que estão mais próximos aos produtores ajudando na elaboração de tecnologias de conservação de alimentos como silagem, fenação e outras. Pela EMPARN, que junto a EMATER realiza o circuito de tecnologias adaptadas à agricultura familiar, com seus dias de campo voltados a caprinocultura. Também contraditório a ANCOC, que trabalha para o desenvolvimento desta atividade no estado, sendo colaboradora de um dos melhores leilões da cabra leiteira como a exemplo do que ocorreu esse ano durante a festa do boi 2008.
Portanto, na qualidade de Extensionista, Pesquisador e Produtor, venho sugerir a todos os responsáveis pela caprinocultura do estado que lutem pelo crescimento da atividade e, principalmente, por um programa de pagamento por qualidade, pois temos consciência da importância econômica e social do leite caprino para o Estado. Lutemos também pela nossa prometida fábrica de leite em pó e pela conquista de mercado diferenciado para os produtos oriundos dessa atividade séria e promissora. Só assim resolveremos o problema de escoamento de produção, já que temos potencial para produzir bem mais do que o Governo nos compra.
Genildo Fonseca Pereira
Zootecnista, Extensionista Rural II da Emater/RN