Apesar deste entrave, Rodrigues garante que o cenário à frente é positivo. "Hoje, na área de logística, a gente tem um projeto, que é o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Se ele sair do papel, muda de figura completamente a questão da infraestrutura no Brasil. Mas é um tema lento demais", admitiu.
Mas o ex-ministro da Agricultura reconhece que seria importante - e é interesse do setor - exportar itens com maior valor agregado, mas, o problema, neste caso, é a falta de acordos comerciais. "O Brasil exporta 1/3 do café verde do mundo e menos de 3% do café torrado e moído. A Alemanha e a Itália exportam 60% do café torrado e moído e não tem um pé de café. Não adianta a gente querer torrar e moer, porque se não tiver um acordo comercial com os distribuidores lá fora, você não exporta o seu produto. O café chega no porto e morre no porto", diz. "Se não houver acordo comercial, que implica em ação de governo, e também do setor privado, não vai a lugar nenhum."
Produção
Na quarta-feira (1), durante evento de lançamento das feiras Induspec Animal Expo&Business e Agrinsumos Expo&Business, Rodrigues destacou números que reforçam o potencial de crescimento do agronegócio brasileiro. "A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) imagina que, em dez anos, a oferta mundial de alimentos tem que crescer 20% para atender à demanda dos países emergentes. Ela mesma reconhece a contribuição de cada região do planeta da seguinte maneira: Europa: 4%; Austrália: 7%; Estados Unidos e Canadá: de 10% a 15%; Rússia, Ucrânia, China, Índia: em torno de 25%; e o Brasil tem que ser 40%. (...) Não podemos perder esta oportunidade. É um desafio monumental só para alimentos."
Ainda com foco no potencial de crescimento da produção agropecuária no país, Rodrigues destacou que, dos 850 milhões de hectares que o Brasil tem, só 8,5% são cultivados, cerca de 70 milhões de hectares. "E pouco menos de 200 milhões de hectares de pasto. Nós não ocupamos hoje nem 30% da área com pastagem e agricultura. E ficam aí nos acusando de destruidores do meio-ambiente, de trabalho escravo." Ele destaca que o país tem hoje cerca de 96 milhões de hectares de pastagens que são aptos para a agricultura.
Na opinião do ex-ministro da Agricultura, esta enorme capacidade de crescer e atender à demanda mundial por alimentos e energia vinda da agricultura é parte do que impede o progresso da Rodada de Doha. "É isso aqui que bloqueia Doha. Vem um americano e vê isso, vem um australiano e vê isso, vem um alemão e vê isso... 'temos que segurar esses caras, senão, eles vão comer a gente'. E vamos mesmo. Estamos ganhando mercados sem nenhum acordo comercial, estamos ganhando mercado pela pura eficiência competitiva do produtor rural brasileiro", fala.
Empregos
Sobre a crítica de alguns setores da economia que dizem que o agronegócio emprega pouco e que matéria-prima tem baixo valor agregado no momento da exportação, Rodrigues usa dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para defender o setor. "Os dados oficiais do IBGE dizem que o agronegócio é o setor que mais emprega no país: 37% dos empregos diretos e indiretos vêm do agronegócio, portanto, mais de 1/3. Não é verdade que seja um setor que emprega pouco. Nós representamos 27% do PIB nacional. De modo que tem um peso social no nível de emprego e no nível econômico muito significativo. O saldo comercial do agronegócio é o dobro do saldo comercial do país", defende.
"O agricultor, o pecuarista, quem produz o produto agrícola precisa de adubo, de semente, fertilizante, defensivo, de corretivo, de tratores, de colheitadeira, de arados, grades, carretas, caminhão, insumos que são produzidos pela indústria. O agronegócio é poderoso porque gera uma cadeia de empregos ampla", argumenta.
A reportagem é de Fabíola Glenia, para o portal G1, adaptada pela Equipe AgriPoint.
Marcello de Moura Campos Filho
Campinas - São Paulo - Produção de leite
postado em 03/12/2010
Caro Roberto
Parabens pelo artigo, como sempre muito claro e oportuno.
Com efeito existem grandes persperctivas de grande crescimento das exportações do agronegócio brasileiro, que é um grande gerador de renda e postos de trabalho diretos e indiretos interior do Brasil.
Todavia o agronegócio do leite, que é dos que mais geram renda e postos de trabalho, está na contramão. Nos últimos 20 anos, descontando em torno de 2 bilhões de litros equivalente que exportamos entre 2004 e 2008, importamos cerca de 28 bilhões de litros equivalentede leite, Teve ano que chegamos a importar 3,5 bilhões de litros de leite equivalente! Resumindo, não somos capazes de produzir nem para abastecer o nosso grande mercado interno, apesar do consumo ser menor do que o recomendável pelas organizações de saúde.
No caso da pecuária de leite houve alguns avanços, mas pontuais, e para a maioria dos produtores nada mudou, os indices de produtividade são baíxissímos e praticamente os mesmos de 40 anos atrás, o que leva a baixa competitividade e consequentemente à condição de importador significativo de leite.
Na sua opinião, o que precisamos fazer para o setor leiteiro, especialmente a pecuária leiteira, para adquirir competitividade e assegurar o abastecimento do consumo nacional e ter excedentes para exportar aproveitando as oportunidades que o mundo deve oferecer nos próximos anos.
Grande abraço
marcello de Moura Campos Filho