O espaço ocupa cerca de 120 m² junto à Casa da Emater, no parque da Afubra, e foi inaugurado no final da manhã de quarta-feira (20), pelos secretários estaduais Ivar Pavan (SDR) e Luiz Mainardi (Seapa), pelos presidentes da Associação Brasileira de Fumicultores (Afubra), Benício Albano Werner, e da Emater/RS, Lino de David, do delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Marcos Reghelin, do coordenador geral da Expoagro, Marco Antônio Dornelles, e do chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Clênio Pilon, além de representantes do governo do Estado, lideranças e produtores rurais.
“A ovinocultura é mais uma alternativa econômica rentável para os agricultores e que pode diminuir a dependência da monocultura, uma das grandes dificuldades do produtor de fumo”, declarou na inauguração o presidente da Emater/RS, Lino de David.
A Casa da Ovinocultura foi viabilizada pela Associação Brasileira de Fumicultores (Afubra), organizadora da Expoagro. “Estamos procurando apresentar alternativas de diversificação para o produtor e temos na ovinocultura um grande potencial”, destacou o presidente da Afubra, Benício Albano Werner.
Ivar Pavan, da SDR, ressaltou a importância da produção e o processamento de alimentos para a sucessão da agricultura familiar. “Ao assumir todas as etapas do processo de produção de alimentos o jovem também sente-se motivado a permanecer na propriedade rural. Os jovens não querem apenas produzir matéria-prima, mas participar de toda a cadeia produtiva de alimentos. Com isso, quem sai ganhando é o produtor e o consumidor”, manifestou Pavan.
De acordo com Luiz Mainardi, da Seapa, que coordena o programa de desenvolvimento da ovinocultura gaúcha (Mais Ovinos no Campo), do governo do Estado, o setor está em franca recuperação. “O Programa é alternativa para diversificação, permite a compra de ovinos com juros baixos para o pequeno produtor e oferece linha de crédito para a ampliação da produção. Isto faz com que pequenos possam ter mais uma renda na propriedade e trabalhar na recuperação do rebanho do Estado. Em 2011, tínhamos mais de 3 milhões de cabeças no Rio Grande do Sul, hoje temos cerca de 4 milhões de ovinos”, destacou Mainardi. “Uma das dificuldades para o desenvolvimento do setor é o manejo, mas a Emater está trabalhando para diminuir estes índices”, finalizou o secretário da Agricultura.
A Casa da Ovinocultura é um complexo que reúne uma cozinha demonstrativa de dinâmicas de cortes de carne ovina, espaço para degustação culinária e sala de exposição diversificada de produtos artesanais e para o Salão Gaúcho da Lã. “A iniciativa garante um espaço legítimo na maior feira da agricultura familiar do país e o desenvolvimento da atividade ovelheira como fonte de renda nas pequenas propriedades”, disse o gerente do escritório regional da Emater/RS-Ascar de Santa Maria, engenheiro agrônomo Cesar Augusto Bittencourt de Medeiros.
De acordo com Cesar de Medeiros, a Casa da Ovinocultura tem ainda um significado especial para o setor. “A construção desta obra promove a cadeia produtiva da ovinocultura na agricultura familiar e divulga as mudanças de comportamento no consumo da carne ovina, que atualmente destina-se tanto para a alimentação escolar como para a geração de renda”, afirmou o representante da Emater/RS-Ascar. “No campo, mesmo espaço físico em que é colocado um bovino é possível colocar oito ovinos, o que dá maior rendimento para o produtor”, assinalou Medeiros.
Durante a cerimônia de inauguração, o presidente da Associação dos Produtores de Ovinos de Encruzilhada do Sul, Marco Antônio Lopes, acrescentou que o objetivo é da instalação da Casa é também o de incentivar o aumento do número de ovinocultores, “principalmente para a permanência de jovens criadores no campo”.
Segundo o delegado federal do MDA, Marcos Reghelin, o Ministério é parceiro de iniciativas que valorizem a agricultura familiar. “Hoje, há muitos pequenos e médios produtores obtendo renda através da ovinocultura. Antigamente, era uma atividade restrita aos grandes produtores”, ressaltou ele.
Casa da Ovinocultura
No complexo da Casa da Ovinocultura, as dinâmicas de processamento de carne ovina da cozinha demonstrativa são coordenadas pelos zootecnistas Jaime Eduardo Ries e Fábio Eduardo Schlick e pelo médico-veterinário João Carlos Santos da Luz, da Emater/RS-Ascar. “No passado, a carne ovina não era valorizada ou era muito cara. Hoje, se buscam ovinos para o fornecimento de carne, que é valiosa, tem alto valor nutritivo e que serve tanto para a panela como para o churrasco”, explica Schlick.
Caminhos da Lã
Outros aspectos da produção ovina gaúcha, como o artesanato, podem ser conhecidos na sala de exposição, no Salão Gaúcho da Lã e na mostra Caminhos da Lã. No local, a Emater/RS-Ascar organizou uma exibição dinâmica da história da produção ovina, desde os rebanhos, as grandes cooperativas gaúchas, a primeira exposição estadual da lã, em 1939, em Uruguaiana, até aspectos da classificação dos velos, tamanho das mechas, resistência e cores conforme as raças laneiras, instrumentos utilizados para a fiação, os tingimentos, a tecelagem e, mas recentemente, a inovação do design nas peças em lã.
“Os grupos de artesãos saíram do anonimato, hoje estão organizados e o aproveitamento da lã gera renda para as famílias em qualquer época do ano”, diz a extensionista da área de Bem-Estar Social do escritório municipal da Emater/RS-Ascar de São Gabriel, Vera Lúcia de Souza.
Há também a exposição de peças do artesanato do próprio Salão, que hoje agrega a produção de 40 municípios gaúchos. Conforme o coordenador do Salão Gaúcho da Lã, médico-veterinário Eduardo Amato Bernhard, esta é a primeira vez que o Salão é montado fora da Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários (Expointer), realizada anualmente em Esteio (RS).
“Desde a sua criação em 2001, houve um crescimento e uma evolução considerável na produção de artesanato em lã, como os selos de qualidade que identificam grupos de artesãos em várias partes do Estado”, conta Bernhard. Um dos exemplos é a tecelagem jacquard em crochê, que forma desenhos e estampas variadas e que estava desaparecida na região de Jaguarão, no Sul do Estado. “Através do estímulo do Salão, do concurso de artesanato e do trabalho da Emater/RS-Ascar, dentre outros setores, a arte foi recuperada e está sendo explorada em diversas formas inovadoras. É a tradição que não se perde e a valorização do produto para a geração de renda”, diz Bernhard.
As informações são da Emater/RS, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
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