A crescente presença de criadores de outros Estados nas pistas gaúchas reflete a perda de espaço dos gaúchos na ovinocultura nacional, fenômeno que tende a se acelerar. Isso porque, em outros Estados, há uma ampliação da atuação de produtores de larga escala, que vão ao Rio Grande do Sul para levar reprodutores de raças de corte.
"Os cruzamentos de nossas raças de carne tem dado certo no Nordeste", destaca Glênio João Prudente, da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Já entre os produtores gaúchos, as compras nos remates devem se voltar apenas à manutenção dos rebanhos, apesar do espaço para o crescimento provocado pela demanda superior à produção nacional.
"Hoje, 60% da carne ovina consumida no Brasil é de fora. O rebanho nacional está estacionado em 16 milhões, mas para atender o mercado interno teríamos de ter o dobro disso", calcula o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos, Paulo Schwab.
O avanço do rebanho gaúcho, no entanto, esbarra em fatores como a escassez de terras para a atividade. No Estado, a ovinocultura disputa espaço com culturas como arroz, soja e milho, o que não ocorre em Estados como Bahia e Ceará.
Tais obstáculos reduzem o apetite dos produtores gaúchos nos leilões, o que deve provocar uma redução de até 10% nas médias de preços, pressionadas para baixo pelo aumento na oferta de reprodutores, de acordo com Müller. Mais otimista, Schwab acredita que os preços devem se equiparar a 2008, porque o mercado nacional está comprador.
A reportagem é do jornal Zero Hora, resumida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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