O presidente da Fetag-RS, Elton Weber, diz que a situação do setor leiteiro é "complicada", ainda que não apresente homogeneidade em todas as regiões. "Embora tenha chovido no fim de semana em alguns lugares, na semana passada, na Fronteira, era registrado 30% a menos na produção, por conta das pastagens mais secas", afirma Weber. Ele lembra que a qualidade do milho - outro produto fortemente afetado pela seca - também está refletindo negativamente na cadeia, já que os animais estão se alimentando com grão de menor qualidade.
O secretário-executivo do Sindilat-RS, entidade que representa a indústria de laticínios, Darlan Palharini, confirma que a captação de leite tem sido menor nas últimas semanas. Ele explica que o impacto não deve ser sentido imediatamente pela indústria de transformação, já que em função das férias escolares a demanda tem sido menor e, com isso, ainda não é observada a falta do produto no mercado, que ainda conta com a produção do Centro-Oeste, que vive o período de safra no leite.
Palharini aponta, no entanto, que se a estiagem seguir, por volta de março o produto poderá ter uma alta substancial nos valores, justamente em função da baixa na produção e consequente aumento nos custos para que os produtores possam equilibrar a situação. "Podemos ter repercussão maior no fornecimento em março ou abril deste ano, porque é o período que ocorre entressafra no Centro-Oeste e o Brasil volta às atividades normais", diz
O gado de leite tem sofrido mais com a estiagem do que os gados de corte, de acordo com o técnico da Emater Fábio Schlick. Ele esclarece que a avaliação dos reflexos da seca é uma tarefa árdua no setor leiteiro, em função dos esforços dos produtores em manter os animais produtivos. Apesar de um ambiente menos desfavorável, o técnico lembra que os prognósticos apontam para um fevereiro igualmente seco. "O que ocorreu esse mês vai se refletir no mês que vem e no próximo, as forrageiras e plantas já ficam com a produção comprometida e a tendência da estiagem é se agravar", analisa Schlick.
No caso do gado de corte, o técnico diz que ainda não foram percebidos importantes reflexos da seca. "Diferentemente do ano passado, nossa primavera foi boa de forragem, e as chuvas que têm ocorrido em baixo volume estão mantendo essa condição do pasto natural." Ainda assim, ele lembra que a queda no volume de água é percebida, e que algumas propriedades de menor porte já estão com açudes em condições desfavoráveis para consumo animal, com o registro de ocorrência de diarreia em terneiros na Campanha.
Em Bagé, que em 2011 viveu um cenário bastante complicado com o clima seco, as condições são menos alarmantes neste ano que se inicia. O diagnóstico é do diretor de marketing da Associação Brasileira de Angus (ABA), Felipe Moura. Segundo o dirigente, os pastos estão precisando de chuva, mas estão equilibrando a situação graças às precipitações na primavera. "Como a primavera foi boa, os pastos cresceram, mas de uns 40 dias para cá, vem faltando bastante chuva, além do vento, que na região ajuda a secar o campo", aponta. Moura revela que com o apoio do sistema de irrigação foi possível mensurar o déficit nas chuvas de inverno, que deixa Bagé com entre 250 milímetros e 300 milímetros abaixo da média histórica registrada no município.
As informações são do Jornal do Comércio, adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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