A falta de coordenação da cadeia produtiva, a falta de confiança entre os setores da cadeia, a oferta irregular e a indefinição sobre a qualidade eram alguns dos problemas enfrentados pelos ovinocultores da região do Alto Camaquã. Com o objetivo de superar estes e outros desafios, em 2009 um grupo de produtores se uniu em uma associação e criou o Projeto Cordeiro do Alto Camaquã.
Organizados em grupo, eles tiveram a oportunidade de negociar com a indústria e o varejo para a venda da produção. Assim, definiram padrões de qualidade, preço, prazo e quantidade. A demanda cresceu, assim como a oferta. Apenas no ano de 2013, em abril eram comercializados cerca de dez cordeiros por semana. Em dezembro, esse número passou de 300. Hoje, o projeto faz parte de um grupo que agrega 20 associações, conta com cinco linhas de produtos e mais de 30 itens entre carne, artesanato e culinária.
De acordo com o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Bagé, Marcos Borba, a tendência é um incremento ainda maior na produção com a busca de novos mercados e pontos de venda. Ele explica ainda que “a qualidade tem mais relação em fazer a utilização correta dos recursos naturais do que com a capacidade de investimento do produtor”.
E é isso que o Projeto Cordeiro do Alto Camaquã quer vender cada vez mais, ovinos com padrão de qualidade e procedência. A ideia de Borba é compartilhada pelo médico veterinário Marcelo Grazziotin, consultor do Programa “Juntos Para competir”, que falou sobre a viabilidade da ovinocultura nos Vales do Taquari e Rio Pardo.
Para Grazziotin, não há como definir se a criação de ovinos é viável ou não. “Existem aspectos importantes para o sucesso do empreendimento, mas a produção tem a capacidade de ser rentável e viável para qualquer tamanho de propriedade.” O médico veterinário explica que, para isso, alguns fatores são determinantes, entre eles, a raça mais adequada de acordo com o tamanho e as características da propriedade. “Além disso, para uma produção bem sucedida, o mais importante não é o investimento, mas o manejo adequado.”
Durante o Fórum de Ovinocultura o Secretário Executivo do Fundo de Desenvolvimento da Ovinocultura (Fundovinos) ainda falou sobre o fundo, instituído em 1998, que dispõe sobre a produção e circulação de carne e derivados como lã. Segundo Roberto Azambuja, além de disponibilizar recursos para financiar a produção, um dos papéis principais do Fundovinos é “promover o desenvolvimento socioeconômico do setor, através da qualidade dos produtos.”
Entre os projetos validados pela Câmara Setorial e aprovados pelo Fundovinos estão a certificação da carne de cordeiro, melhoramento genético de produtores de lã, qualificação da lã da raça Merino Australiano e melhoramento genético de reprodutores.
As informações são da Expoagro Afubra, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
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