Nos últimos tempos, o processo de transição no setor esta acelerado, em função do aumento da demanda pela carne de cordeiro, especialmente pelos consumidores do Centro e Sudeste do País. No entanto, a oferta ainda é muito baixa, o que tem gerado uma série de questionamentos sobre a urgência para a reorganização da cadeia produtiva e também de uma maior profissionalização dos criadores. "O ovinocultor precisa esquecer os tempos áureos da lã, que não voltam mais, e se adaptar àquilo que os consumidores buscam", disse o diretor da Safra Agronegócios, Clóvis de Ávila.
Entre os principais entraves está a dificuldade de escalonar produção, ação que poderia ser resolvida com o aumento dos índices de assinalação dos animais, que hoje gira em torno de 60%, mas deveria chegar a 80%. Ou seja, de 100 ovelhas, os criadores deveriam tirar 80 cordeiros. Trata-se de uma prática que pode ser realizada com pouca tecnologia e com recursos não muitos caros, com base na identificação das fêmeas aptas e não aptas para reprodução, e eventual descarte, controle da fertilidade dos carneiros, e identificação de cio. "O que na época da lã era deixado de lado, precisa ser retomado com toda força hoje", afirma o diretor técnico da Federação Brasileira dos Criadores de Ovinos Carne (Febrocarne), Nilson Missel.
O especialista relembra que nos áureos tempos da lã, todas as despesas da propriedade eram pagas com o produto, que de repente desvalorizou, gerando grande desestímulo entre os produtores. "Naquela época, ninguém se importava com os cordeiros, os capões ficavam velhos produzindo lã. A realidade agora é outra", atesta. O dirigente destaca ainda que muitos produtores, ao invés de buscarem saídas para vencer os entraves do setor, se restringem a queixas. "Se queixam do abate clandestino, do preço baixo da carne ovina, da concorrência com o Uruguai, do volume de impostos para implementar um frigorífico na região", enumera.
Conforme o presidente da Arco, Paulo Schwab, o mercado para o qual existe maior demanda é o de ovinos e o Rio Grande do Sul, mesmo tendo sido um dos maiores produtores do Brasil, vem perdendo espaço para novos centros produtivos, como o do Centro-Oeste e do Norte.
Conforme levantamento da Arco, o total de cabeças no Estado chega a 3,5 milhões. O dirigente destacou ainda a importância de que sejam promovidas campanhas com vistas ao incremento do consumo de carne ovina no país, que não ultrapassa 500 gramas per capita ao ano, enquanto que no caso do frango, o consumo chega a 50 quilos ao ano.
Para o presidente da Comissão de Ovinocultura da Farsul, Glênio Prudente, mesmo com todas as dificuldades, o que se fala é em um processo de reconsolidação da ovinocultura no Estado, com uma gradual melhora nos preços da carne. Há pouco tempo o quilo era vendido a R$ 1,80, R$ 2,00, hoje chega a R$ 2,50 e com a proximidade do Natal pode chegar a R$ 2,75.
As informações são do Jornal do Comércio, resumidas e adaptadas pela Equipe FarmPoint.
Márcio Luiz Fiegenbaum
Novo Hamburgo - Rio Grande do Sul - Instituições governamentais
postado em 21/12/2009
Considero que o mercado está oferecendo uma oportunidade para os produtores mais atentos, agirem rápido e fazerem um planejamento estratégico em sua propriedade e no plantel, otimizando o sistema de produção a ponto de conquistar este nicho de mercado.
Não é possível que percamos para o Uruguai, Nordeste e São Paulo. Aqui, nós temos o melhor clima e a melhor genética para apurar os melhores cordeiros. Acho que o que falta é de uma cooperativa que se disponha a comprar os cordeiros e beneficiar a carne, para estimular os criadores.