Com a queda das exportações, as empresas brasileiras pararam de comprar matéria-prima, que acabou sendo absorvida pelos uruguaios, fornecedores da China. Apesar do preço reduzido, o Uruguai, que compra 4 milhões de quilos no Estado, adquiriu 7 milhões de quilos diretamente de produtores e fornecedores, o equivalente a 60% da estimativa da safra gaúcha, de 11 milhões de quilos. O resultado é que, agora, as indústrias que operam no Brasil encontram dificuldade em obter matéria-prima. Somente a Paramount Têxteis deixou de atender pedidos no total de 250 toneladas de lã pura nos últimos meses.
O cenário causou efeito positivo para o ovinocultor gaúcho. Segundo o diretor da Divisão de Tops da Paramount, Cláudio Bortolini, entre janeiro e julho, apesar da queda do dólar, o preço do quilo de lã Corriedale subiu de 1,40 dólar para 2,00 dólares. Bortolini acrescenta que, desde março, houve melhora do mercado importador, que representa 90% dos negócios da empresa. Apesar disso, as fábricas de tops em Bagé e Uruguaiana ainda operam abaixo de sua capacidade, de 8 milhões de quilos por ano.
Na opinião do presidente da Comissão de Ovinos da Farsul, Glênio Prudente, o momento é favorável, mas a ovinocultura gaúcha precisaria resolver gargalos. Entre eles, destaca, a falta de investimento e a reestruturação da assistência técnica pública direcionada para dar novo estímulo ao setor, desarticulado a partir da década de 90 com o avanço dos sintéticos, entre outros fatores. "A crise também se abateu sobre o Uruguai. A diferença é que eles estavam estruturados como cadeia produtiva e nós não."
As informações são do jornal Correio do Povo/RS, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
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