"O ano de 2008 foi bem estável, e no momento a situação é de paralisação de negócios, principalmente devido à saída de cena dos fundos de investimentos e de grandes empresas, que são os maiores atores do mercado de terras no Brasil", afirma Jacqueline Bierhals, analista do mercado de terras da AgraFNP.
A região de Pelotas, no Rio Grande do Sul, foi a que mais sentiu os efeitos da crise. Nos últimos 12 meses, segundo a AgraFNP, as propriedades da região sofreram uma desvalorização de 3,5%, especialmente as que possuem pastagens nativas. "Os negócios na região têm sido raros, especialmente depois que as papeleiras saíram do mercado", informa Gedeão Pereira, vice-presidente da Farsul e presidente da Comissão de Assuntos Fundiários da entidade.
Segundo Fabrício Tavares, corretor da imobiliária Casarão, de Pelotas, que realiza negócios em toda a Metade Sul, a tendência na região é de manter os preços praticados, os quais variam de R$ 2,5 mil a R$ 7 mil por hectare. "Com a diminuição da procura da empresas de celulose há uma maior oferta, mas os valores não devem ser muito alterados, por que nossas terras já são baratas", explica.
Já na Metade Norte, os valores das terras sofreram uma elevação nos últimos 12 meses, chegando a 50% de valorização na região de Passo Fundo. O crescimento foi impulsionado pelos bons preços alcançados pela soja no mercado. "Áreas que em 2007 custavam R$ 12 mil por hectare hoje não são oferecidas por menos de R$ 20 mil", afirma Roberto Ramos, chefe da Divisão de Obtenção de Terras do Incra/RS.
Devido às dívidas e à forte restrição de crédito, os produtores de grãos também devem apresentar uma atuação bastante limitada no mercado de terras. O Ministério da Agricultura, via BNDES, anunciou, no Plano Safra 2008/2009, que R$ 1 bilhão estarão disponíveis à recuperação de áreas degradadas, o que pode vir a trazer algum ganho patrimonial aos donos de terras. Ainda assim, essa medida não deve impedir que alguns produtores venham a se desfazer de seus imóveis para liquidação de suas dívidas. "Isso deve abrir uma boa perspectiva de negócios para quem estiver capitalizado", informa Jacqueline.
As informações são do Jornal do Comércio/RS, resumidas e adaptadas pela equipe FarmPoint.
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