No mercado internacional o preço do gás natural é medido em milhões de British Thermal Unit (MMBTU). No mercado russo, cada MMBTU vale US$ 0,75. Já no mercado internacional, a cotação oscila entre US$ 2,00 e US$ 4,00 por MMBTU. No mercado brasileiro, no entanto, o preço do gás vendido pela Petrobras é de US$ 10,00, segundo Luiz Mauro Camargo, consultor contratado pela Metaprocess para o projeto da fábrica de fertilizantes.
"Se pagarmos esse valor [US$ 10,00], teremos que aumentar muito o preço do produto final. Com isso, os produtores certamente pressionarão o governo brasileiro para facilitar a importação de fertilizantes, provavelmente da Rússia", diz Camargo.
Para atrair o interesse russo o governo sul-mato-grossense colocou à disposição da empresa as mesmas condições oferecidas à Petrobras, que decidiu no fim do ano passado pela construção de sua nova fábrica de fertilizantes também em Mato Grosso do Sul. A planta da Petrobras deverá consumir cerca de 2,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia para produzir 1 milhão de toneladas de fertilizantes por ano, em um projeto orçado em US$ 2 bilhões..
A construção da fábrica russa será financiada com recursos do Vnesheconombank - banco estatal russo para desenvolvimento econômico - com a possibilidade de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também contribuir com parte do capital. "A decisão ainda não está 100% tomada. Nossa ideia é ampliar as exportações de fertilizantes para em seguida realizar os investimentos", disse Sergey Vasilyev, vice-presidente do Vnesheconombank.
Segundo Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, secretária de desenvolvimento agrário, indústria, comércio e turismo de Mato Grosso do Sul, ter duas fábricas de fertilizantes no Estado não seria algo excessivo.
"O Estado está estrategicamente localizado para atender a demanda do Centro-Oeste e de toda a produção de cana do Centro-Sul. Pelas conversas que tivemos com os russos, eles dizem que teriam condições de começar a produzir após dois anos do início da construção", disse Tereza. Ele observou que as duas fábricas ainda não atenderiam a demanda do Brasil, que importa 70% de sua necessidade.
A reportagem é de Alexandre Inacio, para o jornal Valor Econômico, adaptada pela Equipe AgriPoint.
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