Nos últimos 30 dias, os preços dos grãos vêm despencando na Bolsa de commodities de Chicago, principal formadora dos preços internacionais dos produtos agrícolas.
A queda leva os produtores agrícolas do céu para o inferno. Além de amargar preços baixos e real valorizado, os custos de produção foram recordes nesta safra. O custo dos fertilizantes dobrou, e as empresas de insumos aproveitaram as até então boas perspectivas de preços para repor margens.
Os fundos não são os únicos responsáveis por essa queda das commodities, mas a atuação deles é importante.
Fernando Muraro, da consultoria Agência Rural, diz que só na semana passada eles "venderam" 4 milhões de toneladas de soja, o que ajuda a derrubar os preços. Essa saída dos fundos do mercado de commodities vem se acentuando, já que desde o início de julho, as vendas acumuladas eram de 7,4 milhões de toneladas.
No caso do milho, as vendas somam 14,4 milhões de toneladas desde o início de julho, com o total de participação desses fundos no mercado se reduzindo a 29 milhões de toneladas. Chegou a 50 milhões no ano passado.
Sem incentivos para o plantio, os produtores brasileiros devem deixar de ocupar áreas antes programadas para o cultivo, retardando a recomposição dos estoques mundiais de grãos. Os baixos estoques são parte importante da inflação de alimentos que afeta todo o planeta, também impulsionada justamente pela especulação dos investidores financeiros.
"Essa conta deve ser paga também pelo resto do mundo, via elevação de preços", segundo avaliação de José Pitoli, da Coopermibra, cooperativa do noroeste do Paraná. Muraro, da AgRural, diz que "o cenário mudou". Os motivos extracampo são a queda do petróleo, que reduz a atratividade dos investimentos em commodities como um todo, a valorização do dólar, que encarece a negociação dos produtos, e as perspectivas de crescimento menor da economia, que pode reduzir a demanda.
Já no campo, as perspectivas atuais de produção nos EUA são bem diferentes das de algumas semanas atrás, quando a situação estava bastante indefinida devido às enchentes no Meio-Oeste, principal área de produção de grãos do país. Dados de ontem do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) indicam uma boa safra. Com isso, o cenário de oferta e demanda, embora ainda apertado, fica mais folgado para a safra 2008/9, segundo Muraro.
Carlos Cesar Nespolo, produtor de Campo de Mourão (PR), afirma que "este será um ano perigoso". Apesar de ter as contas em dia, Nespolo diz que "os investimentos para esta safra foram muito elevados, os custos dobraram". Diante desse cenário adverso, o produtor teme pela produtividade.
Os produtores que compraram os insumos antecipadamente e "travaram os preços" --ou seja, já acertaram os valores de vendas de seus produtos--, vão ter lucro. Os que compraram os insumos, mas não "travaram os preços", vão apenas empatar. Já os que ainda não fizeram nenhuma dessas opções, provavelmente não vão nem plantar porque o prejuízo é certo, diz Pitoli.
As informações são da Folha Online.
Marco Aurélio Weyne
Brasília - Distrito Federal - Comunicação social
postado em 15/08/2008
Mas então aquele oba oba, aquela correria de mercado devido à uma suposta situação de baixos estoques das commodities (e alta repentina no consumo dos paises emergentes) era tudo baléla? Especulação pura, barata e simples do mercado financeiro internacional.