"Negociar é sempre melhor. A questão é que nos casos que estão em análise foi esgotada a via da negociação. Foram anos de negociação infrutífera", disse Pedro de Camargo Neto, mentor do painel do algodão e ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura na gestão Fernando Henrique.
Dois processos estão em vias de serem enviados pelo Brasil para a OMC: carne bovina contra a União Europeia e etanol contra os Estados Unidos. O Brasil questiona as exigências de rastreabilidade da carne feitas pela UE e a sobretaxa cobrada pelos EUA na importação de etanol.
Para Camargo Neto, o caso da carne bovina é "claro e muito forte", porque os europeus fazem exigências duras ao Brasil, mas não cobram rastreabilidade de outros fornecedores, como Estados Unidos e Canadá. "Seria ótimo se o ministro pegasse um avião para Bruxelas e voltasse com um acordo para a carne bovina, mas é muito improvável", disse. Ele ressalta ainda que a postura de Rossi enfraquece a posição negociadora do Brasil, porque o contencioso é uma arma para forçar mudanças dos parceiros comerciais.
Marcos Jank, presidente da União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica), disse que o ministro está correto quando diz que a negociação é o melhor caminho, mas que os processos na OMC são um poderoso mecanismo de pressão. "Esgotamos três anos de diálogo. A via da negociação está sempre aberta, mas não podemos abrir mão de um instrumento importante", disse.
A matéria é de Raquel Landim, publicada no jornal O Estado de São Paulo, resumida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
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