"O acordo nasceu pela demanda dos produtores", disse o coordenador do GTM, Ariel Bejeres. "Havia produtores que queriam utilizar o consórcio para a compra de ovinos e para se abastecer de insumos, visando melhorar a produção de carne e lã em seus estabelecimentos agropecuários".
Segundo Bejeres, conseguiu-se projetar um produto similar ao que o consórcio aplica no setor de bovinos. "No GTM, a rastreabilidade dos bovinos é a base e os ovinos não têm rastreabilidade nenhuma, por isso, não se pode instrumentar um consórcio ovino. Os produtores, usando bovinos, podem ter acesso a um adiantamento para a compra de animais ou insumos". O crédito tem uma taxa de juros de 6,9%, com um ano de prazo, e o produtor pode comprar os insumos em qualquer empresa que faz parte da lista de fornecedores do GTM e adquirir os animais utilizando qualquer das modalidades existentes no país, seja de produtor a produtor, de leilões pela internet ou leilões em feira.
Para o coordenador do GTM, o setor ovino tem uma série de vantagens do ponto de vista produtivo frente ao bovino. A ovelha cria em menos de um ano seu próprio peso vivo em carne de cordeiro de alto valor e produz entre 20% e 40% do peso em lã. Considerando lã mais carne, o preço do cordeiro pesado, na maioria dos anos, foi superior ao do novilho. O setor ovino é o que melhor se adapta a qualquer sistema de produção e às mudanças tecnológicas de forma que, com pequenos manejos, se pode melhorar muito a produção.
O presidente do Secretarido Uruguayo de la Lana (SUL), Joaquín Martinicorena, disse que esse empréstimo "é uma ferramenta a mais e facilita o acesso ao crédito para os criadores de ovinos. É uma ferramenta muito prática que está dando resultados muito bons e esperamos que se possam somar pequenos e médios produtores". Ele considerou que o acordo entre o Plano Estratégico do Setor Ovino e o GTM/Santander será uma ferramenta que pode aportar muito o produtor para que siga retendo ventres e que ajude a aumentar a produção de cada ovelha encarneirada. "Isso é fundamental para deter a queda do rebanho".
Apoiados pelos bons preços da carne e da lã, os produtores de ovinos vêm retendo a maior quantidade de ventres possível, buscando produzir a maior quantidade de cordeiros possível. A demanda por carne ovina segue alta e faz tempo que a ovelha deixou de estar de lado e passou a ter um espaço importante nos preços. O aumento da rentabilidade permite competir de igual para igual com outros setores agropecuários, como agricultura ou silvicultura e, inclusive, frente ao setor leiteiro.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
Clovis Paoletti
Suzano - São Paulo - Tecnologia & Marketing - UNISUZ
postado em 09/04/2012
Um modelo de negócio que poderia ser adotado por produtores brasileiros.