Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), o setor de nutrição animal deverá fechar este ano (2008) com expansão de 10% na produção. "Fomos beneficiados pelos dez primeiros meses do ano", diz Ariovaldo Zanni, diretor-executivo da entidade.
Segundo estudo da entidade divulgado na semana passada, nos 9 primeiros meses de 2008 foram produzidos 43,3 milhões de toneladas de ração, uma alta de 14,7% em comparação com as 37,8 milhões do mesmo período de 2007. Porém no terceiro trimestre a situação se alterou e o setor apresentou recuo de 2,7%, passando de 15,7 milhões de toneladas para 15,3 milhões entre um ano e outro. Assim, o saldo final para este ano é de 59 milhões de toneladas, contra 53,5 milhões no ano passado.
"Outubro, novembro e dezembro impactaram negativamente no balanço, mas não chegaram a afetar a previsão de crescimento na produção", disse Zanni.
A alta nos custos de insumos químicos importados para a produção de ração, como vitaminas e aminoácidos, chegou em alguns casos a 500%, diz Zanni. Este fato, combinado com a falta de crédito no país, ajuda a explicar a desaceleração. "A agricultura é uma atividade muito financiada. Com a ausência de liquidez do mercado, manter a produção se torna difícil", afirmou o diretor.
Se foram desfavorecidos pela valorização do dólar, que tornou os insumos importados mais caros, a indústria foi compensada pela queda nos preços do milho, matéria-prima que responde por 70% da composição da ração.
"O próximo ano (2009) será de cautela", disse Mário Sérgio Cutait, presidente do Sindirações. Segundo ele, não há razão para esperar retração do setor de nutrição animal em 2009. "O mundo continuará comendo", diz.
Tradicionalmente, em momentos de crise a carne vermelha é substituída pela de aves - que tem preços mais competitivos. Uma boa notícia para um setor, onde a avicultura consome sozinha metade de toda a ração produzida.
Se as medidas do governo brasileiro surtirem efeito, a expansão esperada na produção será de 5%. Caso contrário, a entidade calcula que repetirá o resultado deste ano. O faturamento, diz Cutait, deve ser mantido. O setor fechará este ano com movimentações de US$ 16 bilhões, US$ 3 milhões a mais que no ano passado.
A matéria é de Bettina Barros, publicada pelo jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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