Ele criticou ainda a participação de ONGs estrangeiras nesse debate. "Se eu for, como ministro da Agricultura, à Holanda, à Alemanha ou aos Estados Unidos, e der um palpite sobre meio ambiente, corro o risco de ser mandado de volta", diz.
"Algumas grandes ONGs são financiadas, inclusive, pela indústria do petróleo. Outras têm visão ideológica, outras têm visão política. Eu não entendo, por exemplo, por que uma ONG financiada com recursos da Holanda, um país onde cada pessoa polui 16 vezes mais do que um brasileiro, está aqui no Brasil, e não lá", questionou.
Na opinião do ministro, não se pode discutir com pessoas que não conhecem a realidade brasileira nem as questões ambientais, no sentido de terem estudado ou se formado na área. "Se aplicarmos o Código Ambiental que está aguardando votação na Câmara, um milhão de agricultores vai perder suas propriedades. Se essa for a decisão brasileira, pois bem, vamos pensar então em como indenizar essas pessoas, pois estamos tirando o agricultor da casa dele. Não estamos tirando nenhum ambientalista do apartamento dele", declarou.
Em outros trechos da entrevista, o ministro disse que não vê um final feliz para a Rodada Doha de comércio internacional. Segundo ele, o protecionismo no setor agrícola, praticado principalmente pelas economias mais desenvolvidas, é um assunto "complexo e político". "É muito difícil imaginar que isso se resolva por acordo diplomático", disse.
Na visão do ministro, os EUA são um país extremamente protecionista que não cumpre com suas obrigações, inclusive éticas. "O caso do algodão é um bom exemplo disso. Os EUA subsidiaram seu algodão, prejudicando a produção brasileira. Perderam em todas as instâncias, recorreram novamente à OMC, sabendo que não ganhariam, apenas para protelar medidas compensatórias", disse.
Renda ao agricultor
"O Brasil é extremamente eficiente em termos de agricultura. Por outro lado, o agricultor brasileiro não tem obtido uma renda que faça justiça a sua produção e a sua eficiência. Os mercados estão menos dinâmicos, o crédito desapareceu e estamos estudando medidas para manter nossa agricultura rodando. O governo já tomou a decisão de que vai proteger nossos agricultores", afirmou.
Segundo Stephanes, a renda no campo brasileiro é baixa em relação à média internacional e em relação a outros negócios. "Os preços de comunicação, saúde, serviços e outros bens cresceram, em média, pelo menos 50% a mais do que o preço dos produtos agrícolas. Na medida em que se incorporam novas tecnologias, o custo de produção diminui e essa diferença é repassada ao consumidor", afirmou.
O ministro acredita que, caso mantenham-se as perspectivas futuras projetadas antes da crise, da necessidade de um aumento de 50% na produção agrícola nos próximos 20 anos, será possível que os preços atinjam um novo patamar, dispensando a adoção de políticas específicas.
Quando questionado por que o agricultor é tão endividado, o ministro citou duas razões: "ou é por razões climáticas, e aí nós temos que resolver essa questão, que não pode ficar nas costas do agricultor, ou por razões de preço e de mercado. Tem de ter política de preços. O prejuízo também não pode ficar todo com o agricultor. Esse prejuízo é sempre jogado em cima dele, e isso gera a dívida. É ruim para o produtor e é ruim para os bancos", concluiu.
As informações são da BBC Brasil, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
DIRCEU REMOR
Rio Maria - Pará - Produção de gado de corte
postado em 30/12/2008
A entrevista do ministro foi muito bem colocada, principalmente sobre as Ongs. Concordo guando se fala em não derrubar nem mais uma arvore na Amazonia, mas mexer com quem está produzindo não está certo, se este codigo ambiental for aprovado podemos fechar as porteiras da Amazonia e ir embora.