"A condição de ser livre sem vacinação se deve a uma longa caminhada de preparação sanitária e também ao fato de o estado estar há 15 anos sem registro de focos da doença", observou o ministro. Segundo Stephanes, os focos de febre aftosa ocorridos no estado em 2005 teriam sido provenientes de vírus de Mato Grosso do Sul, estado com o qual o Paraná faz divisa.
Stephanes destacou que os trabalhos de vacinação e os cuidados com a fronteira têm sido "excelentes", principalmente no que diz respeito ao Paraguai. Ele disse, porém, que, nas regiões de fronteira, a situação sempre é mais complicada.
O secretário de Agricultura do Paraná, Valter Bianchini, apontou ainda entre os fatores que contribuíram para esse resultado a construção de uma aliança com o setor privado nos últimos anos, que resultou na criação do Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária e, posteriormente, na criação do Conselho Estadual da Sanidade Agropecuária (Conesa). Ontem, o Conesa aprovou por unanimidade o documento que o secretário entregou ao ministro pedindo a suspensão das campanhas de vacinação.
Bianchini lembrou que, com a parceria com o governo federal, foi possível investir mais de R$ 17 milhões na modernização da infraestrutura das unidades locais de sanidade animal e vegetal e também nos postos de fiscalização nas divisas interestaduais.
Stephanes alertou que, apesar de as possibilidades do Paraná serem muito boas, o estado tem que aguardar o resultado de uma auditoria prevista para os próximos dias, obedecendo a normas nacionais e internacionais de condutas sanitárias e exigências de países consumidores. "São poucos os que exigem que o país seja livre da aftosa sem vacinação", adiantou o ministro. O resultado dessa auditoria pode ser divulgado até o final deste ano, mas, para Stephanes, o prazo não é importante, o que vale é que isso aconteça. "Talvez tenhamos que fazer mais uma ou duas vacinações para depois tornar o estado livre", admitiu.
Questionado sobre a possibilidade de a suspensão das aplicações significar um risco à sanidade do rebanho do Paraná, especialmente na hipótese de um foco isolado de aftosa em algum estado ou país limítrofe, o secretário respondeu que ''risco sempre existe''. ''Mas, se ele aparecer, temos capacidade e recursos para rapidamente neutralizá-lo. É isso o que a auditoria do ministério vai verificar. A vacina é uma segurança a mais'', disse.
Para Nelson Costa, superintendente adjunto da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), caso a vacinação seja suspensa, o reflexo será sentido nas negociações nacionais e internacionais. ''Nossos produtos terão um diferencial de aceitação'', afirma Costa.
O fato de ser considerado livre de febre aftosa sem a vacina, conforme ele, beneficiará todo o complexo de carnes - entre elas as de bovinos, suínos e aves. ''Os cooperados veem a medida como oportunidade de alcançarem melhores preços para seus produtos'', observa o representante da Ocepar, acrescentando que os produtores estão preparados para a nova etapa.
Além de representar um produto melhor e conseguir negociações mais interessantes nos mercados interno e externo, Alexandre Kireeff, presidente da Sociedade Rural do Paraná, aponta que a medida também refletirá na verticalização da cadeia de carnes. ''Isso poderá abrir a perspectiva da indústria de beneficiamento de produtos como carne e laticínios, principalmente para exportação'', considera.
O secretário nacional da Defesa e Sanidade Agropecuária, Inácio Kroetz, também considera madura a opção feita pelo Paraná. "O Estado tem capacidade e tem potencialidades. Portanto é hora de avançar", destacou. Kroetz lembrou também que os criadores devem ter maturidade e investir na pecuária de corte. "Por isso, o fortalecimento da estrutura da Defesa Agropecuária deve ser contínuo", observou.
As informações são da Agência Brasil, Folha de Londrina e Agência Estadual de Notícias, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
Júlio César Augusto Pompei
Duque de Caxias - Rio de Janeiro - Técnico
postado em 02/03/2010
Parabéns à iniciativa do Estado do Paraná.
A vacinação é uma importante e valiosa ferramenta para o processo de erradicação da Febre Aftosa, podendo ser suprimida quando existir uma estrutura oficial de vigilância, controle e pronta resposta fortalecida e sustentável e estados e países vizinhos com uma situação sanitária com baixo risco.
O fortalecimento da estrutura de Defesa Sanitária Animal do Paraná é perceptível e essa opção é um grande avanço. Cabe ao setor privado, que custeia as vacinações compulsórias além de outras ações do Programa Estadual, manter esse essencial apoio à sustentabilidade do Programa e da estrutura oficial. Desejo êxito ao resultado das avaliações do MAPA e a esse novo desafio.