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Stephanes vai priorizar agenda ambiental

postado em 15/10/2008

6 comentários
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O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, costura um amplo acordo no Congresso e no governo para retomar a votação da reforma das regras do Código Florestal, em vigor desde 1965. A nova agenda ambiental do ministro, que deve estrear até o fim deste mês, dá prioridade à modificação de nove itens do velho código. Com a ajuda de estudos e levantamentos feitos pela Embrapa, Stephanes negocia com o Carlos Minc (Meio Ambiente) e parlamentares da frente ambientalista a permissão para o uso das áreas de preservação permanente (APPs) no cálculo da reserva legal. Assim, essas áreas seriam computadas como reserva mínima de 80% na Amazônia, 35% no Cerrado e 20% no restante do país.

A agenda também inclui a garantia legal para o plantio em áreas de topo de morro ou encostas de grande declividade, mas apenas em regiões agrícolas já consolidadas. "Não podemos permitir a derrubada da Amazônia, mas temos que flexibilizar a lei em áreas já consolidadas".

O ministro diz que o decreto de regulamentação de crimes ambientais, "embora bem intencionado", foi pensado para a Amazônia e não levou em conta a situação de outros Estados do Centro-Sul. "São Paulo não tem como recuperar 15% de suas florestas originais. Trata-se de áreas completamente consolidadas. É melhor permitir a compensação com a compra de áreas em outros Estados, fora da mesma bacia hidrográfica", defende. A proposta, polêmica, divide opiniões no Congresso e tem oposição das ONGs ambientalistas. Segundo ele, os donos de menos de 100 hectares não têm condições de pagar as multas previstas no novo decreto.

"São sanções não razoáveis, de interpretação abstrata. Temos que dar condições [ao produtor] de continuar produzindo". Há, segundo ele, 5,4 milhões de pequenas e médias propriedades nesse situação no país. "Esses têm renda de R$ 20 mil por ano e se um boi pular a cerca e beber a água do rio pode receber multa de R$ 8 mil. Aí, tem que entregar a terra para pagar advogado".

Stephanes também insiste na reforma da legislação para permitir o plantio de espécies exóticas, como dendê, em áreas degradadas da Amazônia. "Por que não plantar em dois dos dez milhões de hectares que temos degradados na Amazônia e gerar 100 mil empregos por lá?", questiona o ministro. Ele critica a dificuldade de ação "em tempo real" na defesa da floresta. "É incrível que não se consiga agir", diz. "Tinha que ter uma frota de dez helicópteros, fiscais, tomar atitude e não esperar seis meses por um resultado [da área desmatada] que todo mundo contesta. Tem que ter um tratamento técnico e científico", reclama Stephanes.

A matéria é de Mauro Zanatta, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe AgriPoint.

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Comentários

Alexandre Luiz Amorim

Guarda Mor - Minas Gerais - Consultoria/extensão rural
postado em 15/10/2008

Realmente é preciso que haja uma definição quanto às Leis ambientais, regulamentando de acordo com as necessidades de cada região. O problema é a demora em se chegar a uma conclusão. Isso acaba favorecendo quem está ilegal e dificulta para as pessoas que querem regularizar sua situação.

Maria Lúcia de Barros Mendes Kassar

Campo Grande - Mato Grosso do Sul - Produção de gado de corte
postado em 16/10/2008

Espero que a legislação seja revista o quanto antes e adequada a cada região. É incompreensível que a lei passe a impedir a criação de gado em área de reserva legal. Em regiões como o Pantanal, não há como cercar de modo que o gado não entre, e se carros e empregados forem proibidos de adentrar na área de reserva, lá virará um criadouro natural de gado baguá escapado do restante da propriedade, virando mais um problema a administrar, para tirar gado da área e evitar multas.

Gostaria muito que revissem esse processo de demarcação e isolamento de área de reserva legal, bem como de preservação permanente, pois influirá enormemente na queda da produção de gado, e certamente implicará em prejuízo para todos.

Já são tantas as dificuldades existentes na região pantaneira, a criação de gado dentro de uma área de reserva legal não tem como causar nenhum inconveniente ecológico.

Ser demarcada e isolada uma área de 20% da fazenda, uma vez que lá as fazendas são compostas de matas, capões, baías, vazantes, fraca pastagem natural e dificuldades de manejo do rebanho em meio as adversidades do ambiente e tempos de enchente, isolar uma invernada, será tirar das fazendas, que já não possuem uma produtividade acima de 55% em geral, a chance de progredir e até de salvar seu rebanho subindo-o para partes mais altas de mata na hora da enchente.

Pensem nisso, em nada vamos progredir com diminuição da área utilizável com criação de gado, mesmo se embrenhando em matas, os pantaneiros sabem criar seu gado sem desmatar, respeitando a ecologia.

João Bosco Pereira

Guaratinguetá - São Paulo - Consultoria/extensão rural
postado em 20/10/2008

As leis ambientais precisam ser adaptadas regionalmente, de acordo com as particularidades de cada região. É preciso também que se implemente, de forma clara e definitiva formas para pagamentos por serviços ambientais, para gerar interesse na conservação dos recursos naturais. Hoje muitos proprietários têm interesse em averbar reserva legal, entretanto os custos são elevados e os processos extremamente burocráticos.

Maurício Carvalho de Oliveira

Brasília - Distrito Federal - Instituição pública
postado em 20/10/2008

Finalmente temos dois homens públicos dispostos a colocar na mesa um assunto tão relevante e tão polêmico. Precisamos de equilibrio, de justeza, e de olharmos para o futuro. Analisarmos o quadro que se vislumbra - de crise de abastecimento - de insegurança alimentar.
Analisar a nossa história da colonização dessa terra - onde todos, gerações atuais e passadas, somos todos responsáveis pelo nosso estágio e modelo de desenvolvimento.

Não adianta reclamar da água poluída - temos de tratá-la! Não podemos nos deixar levar por argumentos sobre os custos ambientais do desenvolvimento. Nossa colonização foi feita na base do machado, sim e não se tinha nem ciência nem tecnologia para o agropecuárista. Não se tinha o Plantio Direto, não se tinha uma Embrapa, e nós não vivemos como os Símios, sobre as árvores. Precisamos de casas, estradas, aeroportos, cidades, água encanada, energia e ALIMENTOS.

E alimentos se faz com o cultivo da terra. E hoje com ciência e tecnologia o que dispomos nesse País. Vamos produzir com sustentabilidade e preservar onde decidirmos preservar - mas que a conta fique com a sociedade e não sobre os ombros dos produtores rurais desse país.

Iria Maria Davanse Pieroni

Cuiabá - Mato Grosso - Advogada e Produção de Gado de Corte
postado em 20/10/2008

De acordo com a reportagem, o Ministro pretende privilegiar a região sul, com a desobrigação de reflorestar, viabilizando inclusive adquirir área com floresta em outro Estado (e olhe lá se não seria na própria Amazônia!), em detrimento do sacríficio do povo da Amazônia.

Rondônia, por exemplo, é o primeiro e o único Estado que possui Lei de Zoneamento. É só aplicá-la e estará tudo resolvido. O problema maior lá, esta nas áreas da União. Cabe, portanto, à esta expulsar os invasores e deixar que a floresta regenere naturalmente.

Não há necessidade de fazer a população voltar os olhos apenas para a Amazônia. Mas, sim é preciso conscientizar todos que a cada um cabe fazer a mea culpa e dar a sua conta de sacrifício.

Só quem não conhece a vida do povo da Amazônia (sofrimento) é que sugere e levanta uma bandeira sem nexo como essa.

Precisa-se, urgentemente, fazer a justiça! E, não insitar o Sul contra o Norte!

André Luiz Abreu dos Santos

Cerquilho - São Paulo - Pesquisa/ensino
postado em 20/10/2008

Concordo com o colega Alexandre, muito se anda dizendo e nada se anda fazendo. Cada dia que se passa, mais desmatamento acontece por especuladores de situações e menos atitude se toma.

A coisa só vai dar certo, quando atitudes forem tomadas.

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