Com a otimização do tempo e os ótimos resultados desse manejo, Elusa de Andrade, médica veterinária da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS) de São Gabriel, tem procurado disseminar para os produtores da região os benefícios dessa técnica, com a realização de cursos gratuitos.
Segundo Elusa, o procedimento de retirada da lã de 30 a 90 dias antes de a ovelha parir torna a fibra mais resistente, já que o animal ainda não passou pelo estresse do parto. Isso confere qualidade à lã e melhora seu aproveitamento pela indústria. Além disso, a médica destaca que o manejo diminui a mortalidade dos cordeiros, porque os exemplares procuram locais mais abrigados para parir, e aumenta o ganho de peso na parte final da gestação, uma vez que o frio estimula a ovelha esquilada a ampliar a ingestão de alimentos para aumentar sua temperatura corporal.
"Queremos difundir a adoção dessa prática na região, pois representa maior comodidade para o animal, qualidade da lã e mais retorno financeiro para os produtores. Com o uso da técnica, conseguimos retirar o velo inteiro, evitando recortes e produzindo mechas mais longas" - destaca Elusa.
Um dos pioneiros desse método na região, o produtor Genez Duarte, cuja propriedade de 90 hectares fica na localidade de Timbaúva, interior de São Gabriel, cria há 16 anos cerca de 150 ovinos e também investe nas lavouras de milho e arroz. Há dois anos, com a escassez da mão de obra na região para a realização da esquila, Duarte resolveu investir R$ 3,5 mil na aquisição da máquina. No ano passado, com a retirada de cerca de três quilos de lã por animal, comercializou o produto a R$ 7 o quilo, o que representou aproximadamente R$ 1,6 mil. O valor da lã vai depender da raça do animal e pode chegar a R$ 12 o quilo, em especial quando for Merino Australiano.
"Anteriormente, o custo para a tosa manual era de R$ 2,70 por animal. Já com o uso da máquina, fica em R$ 1" - compara Duarte. As técnicas de preparo pré-parto deverão ser realizadas em julho, já que o período de parição na região se dará entre agosto e setembro.
As informações são do Zero Hora, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
Luiza
Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Produção de ovinos de corte
postado em 27/06/2011
Pesquisas utilizando a Tosquia Pré Parto (TPP) como tecnologia pra melhorar índices zootécnicos da ovinocultura tiveram inicio no Reino Unido em 1977. Atualmente diversos países realizam esta prática, entre eles Austrália, Nova Zelândia, Uruguai e Brasil.
Nestes mais de 30 anos dedicados as pesquisas, diversos profissionais de diferentes centros de investigação provaram a esquila em variados períodos da gestação (53, 70, 90, 120 dias) tentando identificar quais seus reais benefícios e a data mais apropriada para sua realização.
Entre os fatores favoráveis da TPP está o aumento do peso dos cordeiros ao nascimento, maior vigor, maiores índices de sobrevivência de cordeiros pós 72hs de parto, maior produção de leite em ovelhas esquiladas pré-parto e maior peso de cordeiros no momento do desmame. A TPP apresenta melhores resultados quando realizada entre os dias 30 e 90 de gestação, que é o momento de desenvolvimento da placenta em ovinos.
Em sistemas de produção, como os executados no Rio Grande do Sul, a gestação de ovinos ocorre em meses de inverno. A tosquia de ovelhas gestantes e consequentemente a exposição destas mães ao frio gera uma inversão metabólica, o que ocasiona uma modificação na utilização de nutrientes entre mãe e feto, são relatados também diferenciações nos índices de glicose, triiodotironina e corticosteróides, ocasionados pela TPP.
Vale ressaltar que, em situações onde as condições climáticas são severas, devemos ter atenção no tipo de lâmina de corte utilizada para tosquia (quando realizada com máquina elétrica). O remanente de lã nunca deve ser inferior a 0,8cm, o que é obtido com a utilização da lâmina "pré-parto" ou cover (como também é conhecida). Observar a condição corporal (condição de engorduramento) das ovelhas gestantes antes da tosquia é extremamente importante. Animais muito fracos não devem ser esquilados. Doze às 24hs após o corte da lã (no inverno) o metabolismo e o gasto energético dos animais é incrementado em até 120%, se o ovino não possui reservas suficientes para se termorregular e para suprir esta maior demanda energética do organismo a morte pode ser uma das consequencias.
Ovinocultores que realizam a TPP podem, além dos benefícios para o cordeiro, obter melhor valorização pela lã, já que estarão entregando o produto em uma época do ano (junho/julho) em que este é escasso nas empresas beneficiadoras. Além de melhor remuneração, a TPP melhora a resistência da mecha e o rendimento de lavado.
Atenciosamente
Luiza Sphor
Engenheira Agrônoma