Organismos internacionais, como a FAO, agência da Organização das Nações Unidas (ONU) voltada para a agricultura e alimentos, assim como as consultorias e os bancos, têm alertado para o fato de que o crescimento populacional nas próximas décadas vai criar uma demanda muito grande por alimentos e, consequentemente, por terras agricultáveis. O Brasil aparece como grande aposta para quem pretende faturar com a demanda que vem por aí. "A terra é um ativo concreto e tem a tendência de sempre se valorizar. Com a China e a Índia entrando fortemente no mercado consumidor, é inevitável pensar no crescimento do consumo de alimentos e na necessidade de aumento de produção", diz Jacqueline Bierhals, gerente de Agroenergia da consultoria Agra FNP.
André Pessoa, dono da Agroconsult, diz que o momento é de forte recuperação dos investimentos em terras depois de uma procura arrefecida pela crise de 2008/2009. "Vemos de tudo, de produtores brasileiros que buscam aumentar as áreas de plantio a grandes grupos internacionais do agronegócio", comenta. Nesse jogo, o importante é sair na frente para mapear as melhores oportunidades, que conjuguem preço baixo do ativo, alta produtividade e boa logística na distribuição da produção.
Segundo Jacqueline, nos últimos 36 meses (de maio/junho de 2007 a março/abril de 2010), a valorização média das terras no Amapá, por exemplo, foi de 117,9%. No Piauí a alta chegou a 70,1% nos dois casos não foi descontada a inflação. Piauí, Maranhão e Tocantins (Mapito) formam a mais recente fronteira agrícola do país, que ganhou impulso nos últimos oito anos.
Situação semelhante é a do oeste da Bahia, onde se concentram grandes propriedades com índice de produtividade mais alto do que o americano no caso da soja. Nos últimos 12 meses, por exemplo, o hectare no Maranhão valorizou, em média, 16,8% e, em alguns casos, chegou a 66,7%. Nos últimos três anos, em média, o preço da terra no país aumentou 42%, mais que a maior parte das aplicações financeiras.
Os valores, segundo a gerente da Agra, até já tiveram altas maiores entre 2006 e 2007. Como os preços também são atrelados à cotação das commodities, já não têm aumentado na mesma proporção de outros tempos. "A saca de soja, por exemplo, vale hoje quase a metade na Bolsa de Chicago do que valia antes da crise, e isso reflete na avaliação da terra", explica a gerente da Agra.
Entrar para o grupo que investe em terras não é missão apenas para quem leva em consideração o valor do negócio, porque os preços variam muito. Um hectare no Acre ou no Amazonas pode sair por R$ 50, segundo levantamento da Agra FNP, e chegar a R$ 2,8 mil. O hectare do país mais caro está em Santa Catarina, equivalendo a R$ 37 mil.
Mas aqueles que procuram opções mais promissoras e ainda com uma boa relação custo/benefício, como o Mapito, podem começar a fazer as contas com o hectare custando a partir de R$ 100. Tudo depende das condições da terra (se é bruta, ou seja, sem nenhum tipo de benfeitoria, ou se já é preparada para o plantio) e dos benefícios nas proximidades (como estradas, distância dos portos).
Além de culturas tradicionais, como soja, milho e algodão, tem crescido o investimento na cultura do eucalipto para reflorestamento. A Suzano Papel e Celulose, por exemplo, anunciou em março o plantio cerca de 145 milhões de mudas de eucalipto para suprir unidades de produção no Maranhão e no Piauí.
A reportagem é do Jornal Estado de São Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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