Grandes tradings como Bunge, Cargill e ADM, além das empresas de insumos, davam sinais de que o mar não estava para peixe desde o primeiro semestre do ano, com reduções na concessão de crédito aos agricultores e queda das compras antecipadas de soja, duas práticas fundamentais para financiar a produção nacional de grãos. Em abril veio o pedido de recuperação judicial da Sementes Selecta, cuja retomada das operações está em andamento, e em setembro o mesmo aconteceu com a trading Agrenco, que segue com seu futuro indefinido. No fim do mesmo setembro, eclodiu a perda da Sadia com derivativos.
Perdas decorrentes de endividamentos em dólar que subiram com a valorização da moeda americana começaram a aparecer nos balanços do terceiro trimestre das empresas ligadas ao agronegócio com ações negociadas em bolsa. Algumas delas, como os frigoríficos Perdigão, Marfrig e Minerva, além da Heringer, do segmento de fertilizantes, fecharam o período com prejuízo apesar de terem registrado bons resultados operacionais. Ainda em recuperação judicial, a Parmalat encolheu e registrou até prejuízos operacionais.
Logo depois começaram a emergir dificuldades entre as usinas sucroalcooleiras. Os grupos Albertina, de São Paulo, João Lyra, de Alagoas, e Naoum, de Goiás, também pediram recuperação judicial, mesmo caminho escolhido para a família pernambucana Bezerra de Mello para suas três unidades de produção. Isso afora prejuízos reportados por grupos como o Cosan e os problemas que afetam a Nova América, que atualmente procura um sócio.
A Nilza Alimentos, sem ações negociadas em bolsa, é outro laticínio que já admitiu perdas por causa do dólar, e são recorrentes os comentários de que em breve outros frigoríficos de carne bovina de capital fechado engordarão uma lista problemática que já inclui Frigoestrela, IFC e Margen.
Multinacionais de máquinas agrícolas como John Deere, CNH e AGCO deixaram de contratar ou já demitiram, e cooperativas de todos os portes também já tiveram tempos melhores. Adiamentos, congelamentos ou suspensões de investimentos são anunciados todos os dias no campo.
Além da redução da concessão de crédito aos produtores, todas essas adversidades desestabilizam as respectivas cadeias produtivas pelas demissões, pelos atrasos na entrega de produtos ou em pagamentos, entre outros reflexos, e tendem a segurar o ritmo da retomada dos negócios no período subseqüente às crises financeira e econômica globais - que não tem hora para terminar.
Para muitos observadores, tudo isso vai acelerar uma tendência de concentração já em curso em diversos segmentos, como o sucroalcooleiro ou o de nutrição animal, por exemplo. "Como diria [o economista Joseph] Schumpeter [1883-1950], é o início da destruição criadora", afirma Fabio Silveira, da RC Consultores.
"Crises assim enfraquecem os fracos e fortalecem os fortes", disse Paulo Herrmann, diretor comercial da John Deere para a América do Sul, na recente inauguração do novo centro de distribuição da empresa em Campinas (SP). Na ocasião, a companhia garantiu que ainda não havia demitido, ainda que de 300 temporários tivesse optado por efetivar apenas 100.
A matéria é de Carol Carquejeiro, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe AgriPoint.
tarlei de castro
Campo Belo - Minas Gerais - Produção de leite
postado em 23/12/2008
Pois é, a Nilza Alimentos informou aos produtores e fornecedores de leite de Campo Belo e região o atraso de pagamento referente a 12/2008 que deverá ser pago parte em 30/12/08 e escalonamento do restante para pagamento no mês de janeiro e fevereiro/2009.