O acordo com a América Central, que inclui Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá, vai abrir os mercados para produtos industrializados. Os carros europeus vão ter acesso gratuito à América Central por dez anos, segundo a comissão. As taxas de exportação da banana também vão diminuir por um período de dez anos, enquanto as cotas para a carne bovina e o arroz vão aumentar.
O acordo será formalizado amanhã, no fim do encontro. A UE espera que ele seja ratificado ainda este ano. América Central e UE começaram as negociações sobre comércio em 2007, embora as conversas sobre outros acordos estejam se arrastado há muito mais tempo. O encontro dos ministros da UE e da América Latina, que começou ontem e termina amanhã, prevê ainda a assinatura de um acordo de livre comércio com a Colômbia e o Peru.
A reunião também retomou as conversas estabelecidas anteriormente com o Mercosul, o bloco econômico mais importante na América Latina. O Mercosul abrange potências agrícolas, como Brasil e Argentina, além de Paraguai e Uruguai. A Venezuela está em processo de se tornar um membro.
A UE e o Mercosul negociaram entre 2000 e 2004, mas as conversas foram paralisadas por causa dos subsídios agrícolas europeus e das tarifas alfandegárias da América do Sul para produtos industrializados. Ainda não está claro se as questões mais espinhosas poderão ser superadas desta vez.
Na semana passada, dez países da UE, liderados pela França, publicaram um protesto conjunto, alegando que a retomada das conversas de livre comércio com o Mercosul dispara um "alerta altamente negativo" para os fazendeiros europeus, que têm enfrentado dificuldades. O documentou acrescentou que futuras concessões do setor agrícola "seriam inaceitáveis".
Como resultado da crise financeira, alguns países aumentaram o protecionismo, disse o ministro do Planejamento do Brasil, Paulo Bernardo. "É preciso que haja concessões (da Europa na agricultura), caso contrário vai ser muito difícil chegar a um acordo".
O Brasil, que experimenta um crescimento econômico acelerado e cuja influência diplomática está cada vez maior, não deve fazer concessões. "É um momento de demandas", disse Thiago Aragão, analista político da consultora Arko Advice, em Brasília. "Eu não acho que os grandes produtores agrícolas do Brasil vão fazer concessões. Acredito que essas conversas não vão ter resultados definitivos".
Os setores agrícolas na América Central, no Peru e na Colômbia são bem menos desenvolvidos do que no Brasil, o que torna fácil para a UE avançar nas negociações de comércio com esses países, explicou Aragão.
As informações são da Dow Jones, publicadas pela Agência Estado, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
Thiago Pereira Motta
Nova Odessa - São Paulo - Estudante
postado em 19/05/2010
Acredito que o Ministro Paulo Bernardo está certíssimo em ser firme com a UE assim como eles são conosco. O Brasil precisa se dar conta do seu papel de destaque no comércio internacional e fazer valer o que for justo para os dois lados. A UE quer concessões mas não faz nada para merecer tal coisa.
A propósito, belo artigo!