"A Comissão Européia está pedindo ao Brasil que fortaleça seu controle de resíduos. Se os problemas não forem adequadamente lidados, existe a possibilidade de que certas importações sejam suspensas no futuro", avisou o porta-voz do Departamento de Saúde do Consumidor da UE, Haravgi-Nina Papadoulaki.
O que os europeus querem é que o governo brasileiro mostre que é capaz de fazer um monitoramento de resíduos que dê garantias de segurança dos alimentos equivalentes ao que exige a lei européia.
Na semana passada, por falta de um plano de controle, a UE anunciou que carnes de porco, de cabra, carneiro e leite deixaram de fazer parte dos produtos que podem ser exportados pelo Brasil. Para que um produto seja incluído na lista dos bens que podem ser exportados, os europeus exigem que haja um plano de controle fitossanitário para cada setor. Como nesses casos não estavam ocorrendo vendas regulares para o mercado europeu, os setores atingidos optaram por não fazer os controles de saúde e serem retirados da lista, por enquanto.
Ao mesmo tempo em que as autoridades européias dão uma trégua, as entidades de classe fazem de tudo para que sejam aplicadas sanções ao Brasil. Sem ter como competir em termos de preço com a produção brasileira, o setor privado europeu encontrou nas falhas fitossanitárias do país uma brecha para pedir a proteção com barreiras.
Fabricio Pagani
Vitória - Espírito Santo - Médico Veterinário
postado em 15/08/2006
Esses são grandes indícios de que Sistemas Nacionais de Rastreabilidade e Certificação se fazem necessários para produtos alimentares brasileiros.
Vejam que mesmo com controvérsias e dificuldades para implementação do Sisbov a carne bovina não foi incluída na lista de alimentos que deixaram de fazer parte dos produtos que podem ser exportados pelo Brasil à União Européia.
Vejo com preocupação e até descaso que simplesmente nos conformemos com nossa retirada do Mercado Comum Europeu para carnes de porco, de cabra, de carneiro e leite com o pressuposto de que as desses produtos àquele mercado sejam irregulares.
Hoje a União Européia possui exigências sanitárias rigorosas que servem como exemplo a outros mercados no mundo. A situação de os mercados regulares aos quais o Brasil abastece não exigirem planos de controle sanitários mais rígidos não pode nos manter na inércia e desestimular o desenvolvimento de Sistemas Nacionais de Rastreabilidade e Certificação para os diversos produtos alimentares brasileiros.
O principal problema encontrado no Sisbov foi uma implementação abrupta e imatura que nos rendeu e rende até hoje fatores determinantes para seu sucesso parcial.
Não estaremos repetindo os erros cometidos? Não seria o momento para repensarmos todo nosso controle fitozoosanitário? Não seria o momento de cada cadeia produtiva reunir-se para uma profunda pesquisa e conscientização?