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UE quer bem-estar animal nas regras da OMC

postado em 02/02/2009

4 comentários
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A mais recente ofensiva dos europeus ocorreu durante a última conferência sobre comércio global e bem-estar animal, realizada em Bruxelas, há 12 dias. Nos corredores da conferência, os dirigentes europeus convocaram uma reunião restrita a representantes de China, Brasil e Estados Unidos para dar um recado ainda mais explícito: as regras de bem-estar animal são normas de mercado e, portanto, devem fazer parte da OMC.

Nas entrelinhas, porém, teria ficado clara a disposição da UE em usar o tema do bem-estar, caro aos consumidores e ONGs de proteção dos animais, como um "escudo" na defesa da extensão dos subsídios agrícolas no bloco. "Não aceitaremos a imposição de regras de bem-estar animal como uma forma de barreira comercial. Dissemos isso claramente à UE", afirma o secretário de Desenvolvimento Agropecuário do Ministério da Agricultura, Márcio Portocarrero, que representou o governo brasileiro na conferência.

O embaixador da UE no Brasil, o português João Pacheco, defende o uso dos princípios de bem-estar animal como regras de comércio internacional, mas esclarece que os debates ainda estão restritos à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), um braço da OMC para o tema com 172 países-membros. "São regras que não têm qualquer incompatibilidade com a OMC. Essa discussão existe e gostaríamos que houvesse a absorção dessas regras pela OMC. Mas as discussões ainda estão na OIE", afirma.

A política das "cinco liberdades" da UE prevê garantia de água, alimento, espaço adequado e descanso, além do direito de não sofrer doenças, dor, ferimentos, medo ou angústia. Os europeus desenharam um plano de ação até 2010 para melhorar os níveis de proteção e bem-estar dos animais, considerados "seres sensíveis" pelo bloco.

"Concordamos, estamos avançados, até mais do que eles em alguns casos, mas é preciso ter debates. Temos que resolver juntos com a sociedade", afirma o secretário Portocarrero. Mas o governo não vai impor regras no mercado interno, segundo ele. "Elas serão voluntárias. É um tema novo, que pegou o setor privado de surpresa e o mundo tem que construir parâmetros, e não apenas aceitar imposições".

O governo teme os impactos econômicos sobre o setor rural. "O produtor europeu e americano quer saber se haverá subsídios, mas o brasileiro quer saber se vai pagar o pato sozinho", resume Portocarrero. Ele alerta que as regras implicam a redução da população animal, a elevação dos custos de transporte e de alimentação dos animais. "Dizem que essas boas práticas remuneram as ações, mas ninguém ainda provou isso".

Se passarem ao âmbito da OMC, as regras devem obrigar produtores e indústrias a se adaptarem até 2012 a rígidos padrões de criação, alimentação, transporte, armazenagem e distribuição de carnes bovina, suína, de frango e peixe, além de outros derivados animais.

As informações são de Mauro Zanatta para o jornal Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela equipe AgriPoint.

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Comentários

Marcelo G. Boskovitz

Paranavaí - Paraná - Consultoria/extensão rural
postado em 02/02/2009

Depois do rastreamento impossivel, os poucos que são traces, terão que passar por vistorias para avaliação da situação, depois um empresa habilitada faciltará o treinamento de bem estar animal e por fim teremos outra vistoria de avaliação para liberação com propriedade rastreada, ERAS, traces ebem estar. Tudo documentado, bastante papel e dinheiro gasto. Será que alguem perguntou se o gado gosta tanto assim de curral e o tal manejo racional?

Gado gosta de sossego, agua, pasto e pouco sal e gente!

A perda de peso para manejar o gado para atingir toda essa exigencia não compensa. O bonus no preço da arroba é piada. Precisamos é de acordo bilateral!

Abraços.

Ronaldo Lazzarini Santiago

Janaúba - Minas Gerais - Consultoria/extensão rural
postado em 03/02/2009

Todas as coisas na vida são relativas. Bem estar animal também o é. Poderia se dizer, por exemplo, que nossos bovinos tem melhor condição de vida pois, via de regra, vivem por mais tempo que os deles. Se os animais de lá vivem confinados e vão para o abate com menos de 2 anos de idade, como podem viver melhor do que os nossos, que em geral, morrem com 2 a 3 anos, ou mais, de idade e vivem soltos pelos pastos? Se eu fosse boi preferiria mil vezes morrer com 3 anos de idade e viver livre, andando pelos pastos, bebendo água no ribeirão, escolhendo minha própria comida, mesmo que de vez em quando tivesse algum aborrecimento no curral. Diante de tanto protecionismo disfarçado e de tanta conversa fiada, vale qualquer argumento. Já que a conversa é mesmo pra boi dormir, vai aí esta sugestão. No Brasil os bois dormem por mais tempo.....e como!

Carlos Alberto Ribeiro Campos Gradim

São Paulo - São Paulo - OUTRA
postado em 03/02/2009

A desfaçatez com que a UE e outros blocos / países mais desenvolvidos vão criando e impondo barreiras não-tarifárias às exportações do agronegócio brasileiro só encontra paralelo no patético desempenho da diplomacia brasileira durante o (des)governo Lula.

Ao invés de continuar perdendo tempo com tentativas de ressuscitação do Mercosul, missões comerciais à Tunísia e bobagens do gênero, está mais do que na hora do Itamaraty levar a sério os reais interesses do país e preparar, ouvindo o setor privado brasileiro, um arsenal crível e exequível de medidas compensatórias e de retaliação que possam ser postas em efeito imediatamente após qualquer nova manifestação de hipocrisia externa contra os exportadores brasileiros. E não é só com respeito à UE: a Rússia, por exemplo, deveria receber em curtíssimo prazo notificação oficial do cancelamento de quaisquer tratativas sobre compra de equipamentos militares (o único real interesse da recente visita de seu presidente Medvedev) enquanto não forem revistas as cotas de importação de cárneos em favor dos produtos brasileiros. Chega de bancarmos os idiotas.

Richard James Walter Robertson

Rio Verde de Mato Grosso - Mato Grosso do Sul - Consultoria/extensão rural
postado em 03/02/2009

Tive oportunidade de visitar algumas fazendas em um país da Europa em 2001 e constatei maus tratos aos animais. Gritos, chutes nos "calcanhares", etc. Funcionário estressado bate e grita. Os bons tratos começam com os funcionários/colaboradores envolvidos. Em outra fazenda, uma baia "enfermaria" com animais feridos e com uma das vacas apresentando um abscesso vazando no úbere, provavelmente aguardando o abate.

Que tratos são esses? É muito fácil procurar falhas no umbigo dos outros. Com certeza, apoio o comentário do Ronaldo, de Janaúba. Penso que aumentar as exigências é uma demonstração de medo de concorrência.

Apoio muito o bem estar animal, mas não concordo que este seja ensejo para protecionismo. Nós produtores brasileiros é que temos que mostrar nosso potencial e evitar regras como instrumento de desvalorização do leite nacional.

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