O Brasil é um dos maiores fornecedores de milho da UE. Exportou 3,4 milhões de toneladas até setembro, faturando US$ 732 milhões, de acordo com dados do Ministério da Agricultura.
A UE disse que tomou a decisão de restabelecer a tarifa de importação porque a cotação dos cereais ficou muito abaixo do preço de referência. A comissária de agricultura da UE, Mariann Fischer Boel, argumentou que precisava evitar um cenário de ter de utilizar subitamente os estoques e ao mesmo tempo abrir completamente as importações.
A queda de preços de produtos agrícolas foi um dos argumentos que o Brasil utilizou esta semana em reunião com a Índia para tentar convencer os indianos a retomar a negociação da Rodada Doha para liberalizar o comércio global.
A baixa desperta nos países ricos o sentimento protecionista e estimula maior utilização de subsídios e aumento de taxas. Com um acordo internacional, ao menos esses movimentos ficam limitados. De certa forma os indianos ficaram "sensibilizados".
Estoque brasileiro
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - Esalq/USP (Cepea) apontou para a brutal diferença entre os estoques brasileiros e os dos demais países produtores do grão. O fato é que, enquanto os estoques mundiais estão lá embaixo, os do Brasil são um dos maiores dos últimos anos.
No agregado mundial, os estoques da safra 2008/09 devem ficar 5,2% abaixo da média das três safras anteriores. Nos Estados Unidos, a diferença será negativa em 30%, na Argentina, de -17,3% e na China, de -6,5%. Enquanto isso, por aqui o estoque deve ficar 145%.
A produção brasileira de milho em 2008 deve totalizar 58,6 milhões de toneladas, 44,5 milhões delas devem ser consumidas internamente. Somando a diferença aos estoques de passagem (6,6 milhões de toneladas), o excedente de mercado interno chega a 20,7 milhões.
Com tanto milho sobrando, os preços internos continuam em queda. De acordo com os números do Indicador ESALQ/BM&FBovespa, a baixa acumulada no mês é de 6,3%. E é essa derrocada contínua dos preços que paralisa as negociações. "Existe agora um impasse entre compradores e vendedores, o que não contribui para a diminuição dos estoques", analisa Alves.
Segundo o pesquisador, o atual cenário indica futuras oscilações do preço do grão, e a consequente instabilidade das cotações em curto e médio prazo. "A preocupação maior fica com a safrinha, onde os efeitos desse estoque elevado vai ser sentido de forma mais drástica. Para a safra verão as decisões já foram tomadas. Agora é contar com uma forcinha do clima", conclui Alves
As informações são do jornal Valor Econômico e da Gazeta Mercantil, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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