A principal referência internacional no setor, o Indicador de Mercados Oriental (IME) na Austrália fechou em US$ 6,26 por quilo de lã base limpa esta semana, seu valor mais alto desde outubro passado.
O vertiginoso aumento do IME em dólares desde meados de fevereiro (35%) responde, além dos bons sinais da demanda, ao fortalecimento do dólar australiano nas últimas semanas. Apesar disso, a recuperação ainda não é suficiente para igualar os níveis das últimas duas safras, ficando levemente acima do nível base de meados de 2006.
Isso ocorre especialmente no setor de lãs finas, onde se registraram as maiores baixas com relação aos picos obtidos antes do início da crise. Este comportamento diferencial foi apreciado no mercado local, onde o setor de lãs médias tipo Corriedale foi o que menos baixou, melhorando seu posicionamento relativo frente às lãs finas, que chegaram a níveis mínimos e mantiveram praticamente inativo o mercado durante vários meses. Esta variante também se destacou no mercado internacional.
A crise motivou o melhor desempenho das lãs médias destinadas à China, onde o apoio ao mercado interno se fez notar em uma demanda sustentada de matéria-prima do exterior.
Após atravessar o pior momento, de março em diante, surgiram dados positivos para o mercado. Por um lado, confirmou-se um novo corte na produção de lã australiana, diminuindo a oferta de matéria-prima que existe no mundo. O Comitê Australiano estimou uma produção de 355 milhões de quilos para o ciclo de 2008/09, 15 milhões a menos que sua última estimativa de dezembro (-4%) e 45 milhões a menos que no ciclo anterior (-11%). Da mesma forma, estimou pela primeira vez a produção da nova safra de 2009/10 em 335 milhões de quilos, 6% a menos.
Por sua vez, percebe-se um marcado dinamismo da demanda chinesa nas últimas semanas. É muito provável que este ano o mercado chinês seja mais importante para o Uruguai que nos anos anteriores.
A nível local, no Uruguai, a tendência de alta do mercado internacional se traduz em cautela dos produtores diante de uma indústria que busca uma matéria-prima um pouco mais retraída.
No entanto, além da dinâmica dos mercados, a realidade atual do Uruguai marca uma relação de competição desfavorável para a categoria com relação às outras opções produtivas existentes, que vem refletindo em reduções no rebanho ovino nos últimos dois anos.
No Uruguai, as exportações do setor caíram no último ano, não somente explicadas pela baixa de preços, mas também, pelos menores volumes exportados.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela equipe FarmPoint.
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