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Uruguai: alta dos preços ovinos abre oportunidades

postado em 29/04/2010

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A queda na produção de ovinos e a demanda alta provocam aumento nos preços e abre oportunidades para o Uruguai. "O preço do cordeiro no Uruguai está em um nível que dificilmente voltará a ser como era antes. É muito possível que os nossos valores se aproximem aos da Nova Zelândia e da Austrália", disse o analista e economista do Secretariado Uruguayo de la Lana (SUL), Carlos Salgado.


De fato, o cordeiro uruguaio tem um preço muito similar ao da Nova Zelândia. Além disso, "na Austrália, o cordeiro está custando entre US$ 4,20 e US$ 4,40 por quilo de carne e, no Uruguai, está entre US$ 3,20 e US$ 3,40 por quilo; todavia, há uma margem para que continue subindo".

No entanto, por mais que haja margem para aumento, a Austrália exporta carne com osso para todos os mercados do mundo. Já o Uruguai, em relação a cortes com osso, exporta apenas para o Brasil e para a Rússia e não tem mercados de alto potencial, que são os que pagam os preços mais altos. Austrália e Nova Zelândia apostam mais em países como os do Oriente Médio e Estados Unidos, que são hoje os que mostram maior firmeza.

Essa alta demanda e a baixa da produção no mundo é o que faz com que, no Uruguai, o quilo de carne ovina valha mais que o quilo de novilho gordo. O quilo médio do novilho gordo ficou em US$ 2,57, de acordo com a Associação de Consignatários de Gado, o cordeiro pesado ficou em US$ 3,21, enquanto que os capões e ovelhas tiveram um preço de US$ 3,10 a US$ 3,05. Historicamente, isso ocorreu poucas vezes e, para muitos analistas, não durará muito. Salgado insiste que a demanda por carne ovina está firme e continuará assim.

O segredo dos altos preços é que falta produção para abastecer a demanda. "A Austrália tem uma estrutura de produção de cordeiros cada vez menos eficiente, onde predomina a produção de carne - por mais que se valorize a lã -, mas com um rebanho em queda", disse Salgado. O rebanho ovino australiano está em seu nível mais baixo desde 1905.

A Nova Zelândia também enfrenta uma queda de seu rebanho ovino, que é difícil de reverter, porém amenizou essa diminuição com aumento de produtividade, elevando a taxa de cordeiros desmamados e o peso médio das carcaças, para manter sua oferta exportável. Australianos e neozelandeses concentram 80% da produção mundial de cordeiros.

Para Salgado, o Uruguai não terá a mesma oferta de carne ovina do ano passado, embora esteja exportando mais, já que se transferiu parte da oferta de um ano para outro.

O Uruguai desmama a cada ano pouco menos de 3,5 milhões de cordeiros, dos quais abate cerca de 1 milhão de cabeças. O resto se divide entre a exportação em pé ao Oriente Médio, a reposição de ventres e a capões dentro do rebanho. Nesse sentido, para o Uruguai, a valorização dos preços de sua carne ovina virá dos mercados do Oriente Médio e da Rússia.

A indústria frigorífica uruguaia afirma que o auge que vive a carne ovina em matéria de preços responde a mudanças na estrutura entre a relação oferta e demanda.

Até o dia 10 de abril, as exportações de carne ovina do Uruguai aumentaram 32% em valor e caíram 4% em volume com relação ao mesmo período de 2009, segundo dados do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC). As exportações de carne ovina, expressas em peso com osso, foram no período de 6.873 toneladas. Os principais compradores desse produto foram UE, Arábia Saudita e Mercosul, concentrando 60% do total exportado.

A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.

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