Esse envio foi feito por avião, mas já está em viagem marítima o primeiro contêiner com mais de 11 toneladas de cortes – pernas, bifes e lombos -, que serão distribuídos por uma empresa norte-americana que maneja 40% do mercado de cordeiro dos Estados Unidos, representante do Frigorífico San Jacinto (Nirea S.A.), precursor na abertura do mercado. A carga chegará em 6 de março no porto da Filadélfia, que foi a mesma porta de entrada para os cítricos. Ainda que conjunturalmente hoje as pernas ovinas estejam com preços mais atraentes na União Europeia (UE), a meta do San Jacinto é manter presença no mercado americano, segundo confirmaram fontes da empresa.
Antes da epidemia de febre aftosa que afetou o Uruguai em 2001, o mesmo frigorífico tinha feito alguns embarques de prova e formalizou a aliança comercial com a empresa norte-americana; hoje, retoma os negócios com antigos clientes, buscando “sondar” o mercado.
A meta do Uruguai é conseguir a entrada de cortes com osso nesse mesmo mercado – o chanceler Luis Almagro há fez seu pedido aos governantes norte-americanos -, mas também se fazem gestões para destravar a entrada de cortes, nas mesmas condições, no México, onde a carne ovina uruguaia segue abrindo caminho.
Almagro se reuniu com o vice-secretário do USDA, William J. Burns, com quem dialogou sobre as negociações entre o Mercosul e a UE, futuras reuniões pelo Acordo Marco de Comércio e Investimentos (da sigla em inglês, TIFA, de "Trade and Investment Framework Agreement") com os Estados Unidos e uma possível visita de José Mujica. “A relação entre ambos os países mostra uma agenda dinâmica que tem se fortalecido nos últimos tempos. O Uruguai tem uma nova perspectiva de comércio com os Estados Unidos graças às habilitações sanitárias e fitossanitárias” para a indústria de carnes e outros produtos.
O chanceler fez um balanço positivo de sua visita a Washington. O resultado “reflete o bom momento da relação do Uruguai com os Estados Unidos”. Segundo o negociado, a carne entrará a US$ 9.000 a tonelada. “Creio que a equação é positiva”, disse Almagro. A abertura de mercado significa uma “nova dinâmica de preço para o setor frigorífico uruguaio e abre novas perspectivas para os exportadores. Esses ventos favoráveis para a produção nacional fazem com que o Uruguai procure a habilitação também para a carne ovina com osso. No entanto, falta responder questionários e entrar em temas de análises de risco. Vamos precisar de muito apoio científico e tecnológico para levar adiante esse processo de habilitação”.
Por outro lado, também se trabalha na criação de compartimentos – uma espécie de curral de isolamento – para que os ovinos não tenham contato com os bovinos que são vacinados contra a febre aftosa e, mediante análise científica, demonstrar à UE que a entrada com osso não representa risco sanitário algum. Essa ferramenta, avaliada pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), também pode ser a saída que permita abrir o mercado mexicano para a carne com osso em um futuro não muito distante.
A reportagem é do El País Digital, traduzida pela Equipe FarmPoint.
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