Nos últimos nove anos, segundo a Associação Rural do Uruguai (ARU), 60% das áreas comercializadas passaram às mãos de estrangeiros - um total de aproximadamente 3,5 milhões de hectares, território superior ao do Estado de Alagoas. A maioria dessas áreas foi adquirida por empresários brasileiros e, principalmente, argentinos que se dedicaram ao cultivo de cereais e oleaginosas no Uruguai. Também houve uma forte entrada de companhias dedicadas à fabricação de celulose e papel, que compraram terras para o plantio de eucaliptos, sobretudo entre 2005 e 2006.
A preocupação de Mujica tem origem em uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em viagem a Montevidéu, no início deste ano, Lula comentou com o colega uruguaio sobre a compra de investidores chineses, tendo o governo como sócio, de terras na região do "Mapito" - a região de divisa tríplice de Maranhão, Piauí e Tocantins. Poucas semanas depois, a demonstração de interesse dos árabes por terras no Uruguai assustou o presidente Mujica, que então decidiu providenciar medidas.
Segundo o senador uruguaio Jorge Saravia, uma proposta de legislação será apresentada nos próximos meses. "Estamos na fase de revisar e comparar as legislações de outros países", disse. Ele deixou claro que não há motivos de preocupação para os agricultores brasileiros e argentinos instalados no país. "De qualquer forma, é algo que valerá só para frente e preservará contratos."
"Temos que nos prevenir. Veja o que está acontecendo na África", exemplificou o presidente do Instituto Nacional de Colonização, espécie de Incra do Uruguai, Andrés Berterreche. De acordo com o funcionário do governo, uma medida que deve dificultar a "estrangeirização" das terras é a volta da vigência da Lei de Sociedades Anônimas. A lei prevê que somente pessoas físicas podem ser proprietárias de terras, mas está em moratória até maio de 2011 porque "a quantidade de casos excepcionais era tão grande que não se conseguia aplicar efetivamente a lei". Os próprios fundos e empresas brasileiras e uruguaias podem enfrentar dificuldades, já que o investimento no campo tem sido feito principalmente por meio de pessoas jurídicas.
Para José Bonica Henderson, presidente da ARU (principal entidade do agronegócio no país), a aquisição de terras por estrangeiros - sempre que não for diretamente por Estados nacionais - aumenta os níveis de investimento no campo e estimula a inovação, a produtividade e a demanda por mão de obra especialmente qualificada no setor.
A matéria é do jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
claudio bufulin
castilho - São Paulo - Produção de leite
postado em 25/10/2010
Aqui no Brasil o governo deveria tomar a mesma atitude. Pois enquanto estrangeiros empresas e pessoas fisicas, tomam conta de nosso territorio, fica a população apreensiva com o avanço do MST sobre as terras improdutivas. Uma maneira de minimizar o avanço de movimentos sociais da luta pela terra, seria no meu ponto de vista distribuir as terras do pais a seus filhos, e não cede-las a estrangeiros que vem para cá com intuito unico de obter muito lucro.