Desde o ano de 2003 e com o objetivo de garantir o consumo de leite a crianças de várias famílias da região, o Governo de Montevidéu distribuiu um conjunto importante de cabras dos zoológicos de Villa Dolores e do Parque Lecoq a várias famílias da zona noroeste do departamento. As famílias (que deviam devolver este benefício através de crias desses animais) receberam também apoio e capacitação para a criação e ordenha das cabras, assim como para a elaboração de produtos derivados de seu leite.
Em um processo de vários anos e sucessivos vaivéns, algumas dessas famílias formaram uma cooperativa que, atualmente, conta com 3 granjas ativas, além do próprio parque, que gera um universo de 200 animais que produzem de 250 a 300 litros de leite por dia. Essa cooperativa é a responsável por esse novo desafio.
Os produtores uruguaios consideram inviável a produção de leite embalado em vidro, pois o valor de uma planta desse tipo supera os US$ 200 mil, mas não descartam outras alternativas à atual embalagem plástica. Nesse sentido, espera-se que um eventual desenvolvimento positivo dessa etapa, somado a determinados apoios externos, possibilite a compra de uma planta para embalar o leite em saquinhos, cujo preço atual é de cerca de US$ 15 mil.
Após cumpridas as últimas etapas para as habilitações do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca e do Departamento de Bromatologia da região, prepara-se a documentação para ser apresentada ao Ministério de Saúde Pública, que possibilitará a venda do produto ao público.
De acordo com o produtor Alejandro Díaz, os produtores têm também o objetivo de abastecer os hospitais do Departamento com o leite de cabra, devido às suas características especiais - o leite de cabra tem nutrientes que o tornam comparável ao leite materno, contém menos lactose e é hipoalergênico; é mais digestivo que o leite de vaca, mais rico em cálcio e fósforo; o tipo e a qualidade de sua gordura o torna perfeito para a prevenção de doenças cardiovasculares, já que tem mais gordura tipo ômega 6, uma fonte rápida de energia, mas que não se armazena no tecido adiposo. "Por essas características, seu consumo por crianças é recomendado".
A expansão será lenta. Além dessas considerações, está claro que ainda está longe das etapas de massificação do consumo desse tipo de leite por várias razões. Embora a mais importante seja a mudança cultural necessária para a substituição do consumo de leite de vaca, também existem outros fatores que impedem a expansão. Um deles é o próprio método de engarrafamento que, com a atual maquinaria, implica em um trabalho manual do operário. Esse perfil quase artesanal também está presente nas etapas de criação dos animais.
O engarrafamento do leite de cabra em Montevidéu implica em um salto de qualidade também para as famílias produtores de queijos e outros derivados desse leite, já que permitirá manter um estoque suficiente para garantir os níveis mínimos de cumprimento que implica uma cadeia produtiva no mercado local.
As embalagens de plástico de 5 litros (que iniciarão o processo) já foram adquiridas e estão no PAGRO esperando as habilitações, que deverão chegar durante o mês de março.
A reportagem é do www.espectador.com, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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