Esse é um fenômeno que veio para ficar e, certamente, se acentuará mais quando o produto estiver totalmente habilitado para entrar nos mercados da América do Norte, como Canadá, Estados Unidos e México. Desses três destinos, a carne ovina uruguaia já entra no Canadá e no México, e deverá entrar nos Estados Unidos em pouco mais de um mês.
O Uruguai é o terceiro maior exportador de carne ovina do mundo, depois da Austrália e da Nova Zelândia, mas, assim como seus competidores, conta com uma menor produção. A escassez de carne ovina no mundo e uma demanda crescente é o que está levando à sua valorização, apesar de o Uruguai não contar com alguns destinos de alto valor onde a carne neozelandesa pode entrar.
Os importadores chineses são fortes compradores de cortes de menor valor, como assados ovinos, mas também compram alto volume de miúdos. A demanda nesse mercado subiu 88,38% durante os primeiros quatro meses de 2011. Nesse período, segundo dados do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), foram exportadas 795 toneladas. Esse é um dos poucos mercados em que se pode entrar com o produto sem desossar. Nesse sentido, a geração de divisas entre os quadrimestres comparados quase duplicou (cresceu 99,7%).
A demanda do Brasil que no ano passado foi o grande sustentador dos altos preços, caiu 25,4%. Até o mês de abril de 2011, foram exportadas 1.113 toneladas frente às 1.492 toneladas no mesmo período de 2010. No entanto, o valor cresceu 12,8%, apesar de ter sido exportado menor volume.
Outro destino que também demandou mais carne ovina no primeiro quadrimestre foi a Jordânia, onde a demanda cresceu 3,28% e a geração de divisas aumentou 99,86%. O volume colocado nesse destino foi de 283 toneladas em 2011, frente às 274 toneladas de 2010. Muito pouco se vendeu à Arábia Saudita, outro forte comprador do produto, já que não pode seguir o ritmo dos valores pagos pelo Brasil. O mesmo ocorreu no ano passado.
Porém, na União Europeia (UE), o principal comprador de carne ovina uruguaia e para onde se destinam cortes de maior valor (pernas desossadas), o volume exportado caiu 3,72%. Foram exportadas até o final de abril 1.965 toneladas, quando, na mesma data do ano anterior, foram exportadas 2.941 toneladas. Apesar da queda dos volumes, como nos demais mercados, o faturamento cresceu 49,14%, de acordo com a valorização da tonelada.
O grande problema da carne ovina uruguaia hoje, além da valorização, é a falta de mais mercados onde se possa entrar sem a necessidade de desossar os cortes.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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