O outro componente que integra a extração comercial do setor são as exportações em pé que, há dois anos, vem caindo de maneira substancial devido fundamentalmente ao aumento dos preços para o ovino e a melhor opção que encontram os países árabes na oferta australiana. Para 2010/11, foram exportados apenas 10.000 ovinos em pé, de um número de 100.000 lanares em média dos últimos três anos. Em síntese, a extração comercial ovina caiu 39% com relação ao exercício anterior e representou o menor nível desde o ciclo de 2002/03 (741.000 cabeças).
Em volume, as exportações de carne ovina registram uma baixa muito forte com relação ao exercício anterior. No exercício finalizado em 30 de junho desse ano, foram exportadas 16.000 toneladas peso carcaça, 42% a menos que no ciclo anterior (28.000 toneladas peso carcaça). A última vez que tinha sido registrado um nível tão baixo tinha sido em 2005/06.
De todas as formas, assim como acontece com outros produtos agrícolas, o aumento extraordinário dos preços permitiu dissimular as baixas produções físicas e manter, ou em alguns casos aumentar, os valores exportados. Visto desse outro ângulo, se o volume produzido tivesse se mantido ou aumentado, o valor das exportações teria sido muito maior.
Quanto à carne ovina, o preço médio de exportação no exercício de 2010/11 chegou a US$ 4.779 por tonelada peso carcaça, marcando um aumento de 61% com relação ao ciclo anterior e se constituindo claramente em um máximo histórico para o produto. Dessa forma, o valor das exportações ficou em US$ 77 milhões, somente 8% a menos que os US$ 83 milhões do ciclo de 2009/10.
O impacto dos preços altos excede a comparação anual. Apesar de ser sido registrado o abate mais baixo dos últimos seis anos, as exportações, medidas em dólares, são as segundas mais altas na história do produto, depois do recorde obtido no exercício passado. Embora o mercado internacional de carne ovina tenha mostrado, em seu conjunto, uma firmeza inusitada no último ano, que se expressa em preços recordes em termos históricos, existe um componente de mercado que condiciona o momento atual que vive o Uruguai.
O Brasil domina o mercado de exportação de carne ovina como nunca antes. A firme demanda brasileira é potencializada por um maior poder de compra do Real, que se traduz em um preço médio de exportação ao Brasil no exercício de 2010/11 de US$ 5.795 por tonelada peso carcaça, 22% a mais que a média geral. Além disso, está 20% acima do preço médio obtido na UE (US$ 4.842 por tonelada peso carcaça), normalmente o mercado de maior valor para o produto uruguaio.
O Brasil é um dos poucos mercados onde a carne ovina uruguaia pode entrar com osso, o que amplia o leque de oportunidades para as empresas exportadoras do Uruguai. Por outro lado, uma dependência tão alta do mercado brasileiro como observada esse ano (39% dos volumes exportados e 47% do valor foram referentes ao Brasil) aumentam a vulnerabilidade e ameaçam a manutenção das condições atuais diante de possíveis mudanças no cenário comercial com esse mercado.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada peala Equipe FarmPoint.
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