A UE também está manejando estoques altos e os importadores, segundo dizem os operadores, não se mostram receptivos em receber ofertas. Com esse panorama, a indústria uruguaia busca diversificar mercados, apostando na Rússia, China e outros, e insiste na necessidade de obter uma cota ovina nos Estados Unidos.
A devolução de cotas não é um bom sinal, principalmente para os criadores, mas o mercado é quem manda. O problema é que o estoque ovino vinha crescendo - recuperando-se cerca de 5% segundo os últimos dados do Governo - e o produtor receberia, dependendo de como terminasse o negócio, um preço pelo ovino que estaria 20% a 30% abaixo do recebido no ano passado, segundo estimou o presidente do Secretariado Uruguaio de Lã (SUL), Joaquín Martinicorena.
"A decisão do criador para a próxima encarneirada dependerá de como terminará o negócio de carne e lã. Será um ano onde não se alcançarão os preços para a carne e a lã que se registraram no ano passado", disse um produtor de ovinos.
O maior desestímulo ao produtor seriam os preços recebidos no final de outubro ou começo de novembro, que é quando sai ao mercado boa parte dos cordeiros gordos. Os nascidos esse ano, no geral, são cordeiros leves, de uns 25 quilos, que saem habitualmente ao mercado no final do ano. No geral, são cordeiros engordados em campo natural e, em muitos casos, são cruzamentos.
Se os produtores engordam cordeiros próprios, ainda que menos, vão receber bons preços por seus animais. Porém, em novembro, também ocorre o pico de oferta dos cordeiros pesados e o invernador, que compra os cordeiros, será mais afetado.
A consequência direta será que o invernador baixará o preço ao criador no ano que vem e esse provavelmente ficará desestimulado e produzirá menos cordeiros, pois encarneirará menos ovelhas. Até agora, o rebanho cresceu, porque são os criadores que estão apostando forte em um maior crescimento e os invernadores os acompanham.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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