O economista do Secretariado Uruguayo de la Lana (SUL), Carlos Salgado, disse que "os preços uruguaios estão nos mesmos níveis dos preços da Austrália, mas com mercados de menor valor". Em agosto e setembro, os países árabes não aparecem como compradores das exportações de carne ovina uruguaia, mesmo sendo os países que mantiveram os preços altos do Uruguai com seus negócios. Porém, "o Brasil também está pagando muito bem e, pela primeira vez em muitos anos, paga preços acima dos da UE", disse Salgado.
Ele disse que o Brasil compra cortes de dianteiro e também o french rack, enquanto o Oriente Médio compra toda a carcaça dividida em quartos. No ano passado, foram industrializados no Uruguai 1,1 milhão de cordeiros, dado que representou um recorde para o país, mas esse ano, o prognóstico mais otimista não supera as 700.000 cabeças, porque haveria uma produção menor.
Hoje, o denominador comum que os três principais produtores mundiais de carne ovina (Austrália, Nova Zelândia e Uruguai) têm é a falta de matéria-prima. Salgado recordou que a "Nova Zelândia tem menos cordeiros e não recupera sua produção. Nesse país, as parições de primavera e o resultado das ecografias estão indicando que a produção de cordeiros cairá em 2,5% novamente, já tendo baixado em 2008". A Nova Zelândia tem 32 milhões de cordeiros e cresceu lentamente até junho de 2010, mas tem mais ovelhas e estaria começando um processo de recuperação da produção de cordeiros. Esse país abate cerca de 42 milhões de cordeiros para exportação e sua menor produção está afetando a oferta mundial de carne ovina.
Por outro lado, Salgado recordou que a Austrália vem aumentando sua produção de cordeiros, mas tem uma forte queda na produção de animais adultos. Os países do Oriente Médio se viram afetados pela queda da oferta, tanto no que diz respeito às exportações de ovinos vivos para festividades religiosas islâmicas, assim como pela menor disponibilidade de cortes. Segundo ele, a menor oferta de carne ovina no mercado mundial, a alta demanda que o Brasil tem hoje e o remanescente de 1.000 toneladas que os frigoríficos têm para cumprir a cota ovina para a Europa serão as bases para manter esses altos preços do cordeiro no Uruguai. "Pelo menos até novembro, estimo que os valores se mantenham em alta".
Em 2010, não haverá a quantidade de cordeiros de outros anos, os criadores ficaram com muitos cordeiros e, em muitos casos, não têm experiência de inverná-los. Isso pode estar gerando um atraso na invernada, segundo a hipótese de Salgado para justificar esse atraso no cumprimento da cota ovina com a UE. Com esses valores o ovino ganha e hoje volta a ocupar um lugar privilegiado nos estabelecimentos, apoiado por uma demanda de carne ovina que não para de crescer e que faz historia.
A reportagem é do Agromeat, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
Envie seu comentário: