“A baixa nos preços mundiais da lã, assim como de outras matérias-primas correspondem ao mal momento econômico pelo qual a Europa passa. Isso, por sua vez, repercute na China, o principal mercado comprador, tanto do Uruguai como de seus competidores. O país asiático processa e vende à Europa grande parte do que compra”. O analista também disse que a desaceleração no crescimento econômico que vem ocorrendo na China, desde muitos anos, está jogando contra, pois reduz a demanda por lãs dos principais produtores em geral e do Uruguai em particular.
Salgado disse que em um panorama onde se espera que se produza um valor similar, ou talvez um pouco maior, de 32 milhões de quilos nessa safra, pode existir um remanescente sem vender, ainda que não seria da magnitude do da campanha de 2012/13. Esse volume sem comercializar em mãos dos produtores é de 30%, ou seja, uns 9 milhões de quilos. “Tudo dependerá da reativação da demanda na segunda parte da campanha”.
Diego Saavedra, gerente da Central Laneira Uruguaia, concordou com Salgado que o mal momento econômico pelo qual a Europa atravessa e a desaceleração da economia da China são as principais causas dessa situação. A desvalorização que tem sofrido nos últimos meses o dólar australiano, disse Saavedra, também está jogando contra, já que tem como consequência uma diminuição no preço da lã medido em dólares americanos.
Por sua vez, o presidente da União de Consignatários e Rematadores de Lãs, Ricardo Stewart, disse que os atuais valores não agradam os produtores, que estão esperando os preços de 12 meses atrás. “Isso é mais acentuado na lã fina, cuja queda de valor é de 25%. O produtor hoje não está vendendo em algumas categorias - há poucos valores de referência. É muito difícil que alguém que há um ano vendeu a US$ 8 por quilo hoje o faça por US$ 6 pelo mesmo tipo de matéria-prima. Nas lãs grossas, a situação ameniza um pouco, já que as baixas foram menores”. Stewart concordou que o “fator Europa” é a principal causa de toda essa situação.
Apesar de tudo, há alguns sinais positivos. Salgado disse que há alguns sinais que dão esperança para o mercado, mas que esses poderiam se concretizar apenas nos primeiros meses de 2014. “Países como Alemanha e Itália começaram de forma muito lenta a aumentar suas compras e os Estados Unidos vêm saindo em alguns aspectos da crise econômica que atravessa. Embora esse último país não seja um comprador do Uruguai, por sua influência, pesa nos valores internacionais”.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e resumida pela Equipe FarmPoint.
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