A queda nas exportações parece ter como principal origem a baixa oferta de carne ovina. O segundo ponto a ser levantado é a dependência do Uruguai pelo mercado brasileiro - forte impulsor do aumento dos preços em 2011 - e que desde o final do ano passado vem comprando menos. Para o analista do Secretariado Uruguayo de la Lana, Carlos Salgado, "o produto estará um pouco mais cogitado nos próximos meses".
Hoje, o Brasil aparece como um comprador de pouco volume. O país deixou de comprar vários cortes pesados - procedentes de ovinos adultos -, porque estão tendo problemas de colocação no mercado. A Austrália e a Nova Zelândia não estão tendo complicações para colocar seus cordeiros no mercado da União Europeia (UE), para onde também vão os cortes de maior valor de carne ovina uruguaia. "Embora a Nova Zelândia tenha baixado um pouco os preços, na Austrália estão muito firmes, principalmente os valores do cordeiro, disse Salgado. Essa é uma boa notícia aos produtores uruguaios que podem esperar uma maior valorização.
Os uruguaios esperam que em breve, os importadores brasileiros voltem a comprar do Uruguai, porque o Brasil não tem outras opções. "O país não compra da Nova Zelândia ou da Austrália, porque os preços e o frete encarecem", comenta Salgado. O Chile e a Argentina, que também são produtores de carne ovina, produzem cordeiros menores e o mercado do Estado de São Paulo, para onde se destina o cordeiro pesado uruguaio, prefere este pelo peso das pernas e dos lombos. Por outro lado, a produção interna do cordeiro brasileiro segue valorizada e em algumas regiões, o preço do kg/vivo está em torno de R$ 6,00.
Para Salgado, a baixa oferta tem uma fácil explicação. "No ano passado, os abates de cordeiros foram maiores que o esperado (cerca de 1,7 milhão de cabeças). Foi um ano muito bom e os valores permitiram que o produtor atendesse melhor o seu rebanho de cordeiros e extraísse o máximo de animais gordos que podia". Houve também queda na oferta de animais adultos, praticamente não há capões e as ovelhas de refugo começar a aparecer após o encarneiramento (março).
Além da dificuldade que a indústria vem apresentando para conseguir oferta de animais, outras duas firmas (Grupo Lares e Olkani S.A.) relatam o mesmo problema. As duas concretizaram a exportação de 10.000 ovinos (ovelhas, capões e borregos) para a Arábia Saudita.
Pelo aumento nos abates de cordeiros em 2011, acentuou-se a falta dessa categoria nos primeiros meses de 2012 e o cordeiro pesado precoce começa a ser visto no mercado esse mês. Nesse ano, há outra vantagem: as recentes chuvas favorecerão a alimentação dos cordeiros pesados.
Salgado destacou que é improvável que os preços do cordeiro caiam. "A oferta é que mandará o futuro. Não vejo um grande golpe em nível de demanda. O golpe veio para baixar os preços e uma vez que se chegue ao equilíbrio, o mercado arrancará de novo".
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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