Apesar de os prognósticos preliminares já esperarem um decréscimo, a magnitude alcançada ultrapassou os cálculos iniciais. Tanto o Secretariado Uruguayo de la Lana (SUL) como a Oficina de Programação e Políticas Agropecuárias do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP) prognosticaram baixas de 2% a 4%. Um fator que contribuiu com esta baixa foi o forte aumento na extração comercial de ovinos, fundamentalmente o abate industrial, que passou de 1,4 milhão de cabeças no exercício de 2005/2006 para 1,9 milhão de cabeças em 2006/2007.
A exportação de lanares em pé manteve o bom ritmo que tinha anteriormente e alcançou, no período considerado, 500 mil cabeças. Em conjunto, a extração comercial aumentou 26% no exercício de 2006/2007 com relação ao ciclo anterior. Do mesmo modo, o outono excessivamente chuvoso contribuiu para uma maior mortandade de lanares, que aumentou 100 mil cabeças com relação ao exercício anterior, passando de significar 5% para 6,4% do rebanho.
Todas as categorias lanares descenderam com relação ao ano anterior, mas a magnitude da queda não foi igual em todos os casos. Reafirma-se a tendência a uma estrutura mais de produção de carne, com um forte decréscimo nos capões. Esta categoria, tradicional dos esquemas clássicos de produção de lã, caiu 17% com relação ao estoque de 2006 e, pela primeira vez em décadas, não supera a marca de um milhão de cabeças. Em termos percentuais, representa agora 8,8% do estoque quando historicamente a média era de 20% do rebanho nacional. Curiosamente, isto ocorre quando os preços da lã fina atingem níveis recordes no Uruguai.
Uma explicação para isso pode ser o fato de a maior parte do rebanho uruguaio produzir lãs médias, que não têm melhorado substancialmente seu preço e onde a participação da carne nos rendimentos desses sistemas resulta cada vez mais importante.
O bom momento de outro setores agrícolas e o diferencial de acesso a mercados de carne com a carne bovina atuam contra o crescimento do setor ovino uruguaio. A demanda internacional existe e as perspectivas são muito boas quanto a preços, sempre e quando o país tem acesso aos clientes de maior valor.
A reportagem é do El País.
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