O Uruguai é o terceiro produtor mundial de carne ovina - depois de Austrália e Nova Zelândia - e seu principal mercado é a UE, onde se pagam os melhores preços pelo produto. A exigência da UE foi reiterada no Fórum Internacional sobre Carne Ovina para produtores e indústria realizado em Bruxelas. Para o subsecretário de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Daniel Garín, a nova exigência comunitária "poderia ser cumprida em um prazo relativamente breve pelo Uruguai, já que existem as condições para isso".
Garín, que foi responsável pelo Sistema de Identificação e Registro Animal (SIRA) que executou a rastreabilidade individual obrigatória do gado bovino, recordou que os dados incluídos nas Guias de Propriedade e Trânsito da Direção do Controlador de Semoventes (Dicose), contêm as informações necessárias para implementar um plano de acompanhamento grupal.
Assim como Garín, o vice-presidente o Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), Fernando Pérez Abella, disse que essa exigência se encontra, até o momento, em um plano de discussão interna dentro da UE e não há nenhuma comunicação oficial. No entanto, ele disse que essa exigência não pode ser tomada de um dia para o outro e que ainda faltam discussões internas.
"Ninguém sabe que tipo de rastreabilidade será imposta a partir de janeiro do ano que vem", disse o economista do Secretariado Uruguayo de la Lana (SUL), Carlos Salgado. Para ele, não há sinais no horizonte que possam prejudicar o crescimento da demanda que hoje tem a UE no caso da carne ovina. "A UE produz cada vez menos carne ovina e tem custos mais altos". O principal abastecedor do produto da UE é a Nova Zelândia, que tem uma cota de 227.000 toneladas, mas também enfrenta redução na produção.
"Os preços na UE melhoraram, principalmente para a perna desossada; é um mercado que fixa os preços do cordeiro no mundo". Os preços na UE estão acima do que hoje se paga no mercado dos Estados Unidos, ao qual a ovinocultura do Uruguai vem buscando o acesso há vários anos. Por isso, Salgado disse "não ver problemas pelo lado da demanda" nos países europeus e, inclusive, disse que no caso de uma ampliação da cota ovina atual, o país não teria problemas para cumprir por mais que, assim como no resto do mundo, sofra uma baixa na produção.
Segundo dados parciais do INAC (de 10 de outubro), a UE representou 22,9% do total exportado, captando um volume de 4.834 toneladas. A UE é o principal mercado para carne ovina uruguaia. Nesse nicho, o país tem uma cota de 5.800 toneladas que entram com tarifa preferencial. Nesse caso, todos os cortes são desossados, mas nos últimos anos, as autoridades sanitárias uruguaias vêm negociando a eliminação das barreiras sanitárias europeias para poder entrar com carne com osso.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
Envie seu comentário: