São mais de 600.000 cordeiros por ano que se perdem entre o período de gestação e desmame que poderiam aumentar o faturamento do setor ovino em até US$ 600 milhões. Ainda assim, o Uruguai é o terceiro maior exportador de carne ovina do mundo - depois da Austrália e da Nova Zelândia - e o terceiro maior exportador de tops (lã lavada e cardada) do mundo. Para alcançar seus objetivos, o Plano Estratégico Nacional para o Setor Ovino, com o apoio da Faculdade de Agronomia, Veterinária, Universidade do Trabalho, Faculdade de Ciências Agrárias, Instituto Nacional de Carnes, Instituto Plan Agropecuário e Inefop, lançou as "Ovimpíadas 2012".
A ideia é estimular o interesse da juventude no meio rural e estimular a capacitação de mão de obra vinculada ao setor ovino. Poderão participar jovens entre 18 e 25 anos, pertencentes a centros educacionais, instituições rurais e cooperativas agrárias. Através de uma série de provas, deverão demonstrar destrezas em tarefas habituais que são feitas nas fazendas. Eles também deverão responder um questionário especializado em que mostrarão seus conhecimentos teóricos em ovinocultura. A data de inscrição dos participantes finaliza em 19 de junho e está sendo feita através do Secretariado Uruguayo de la Lana (SUL). A competição será em 18 de agosto nas instalações do local "Santa Bernardina", pertencente à Sociedade Rural de Durazno.
No ano passado, o setor ovino uruguaio exportou um total de US$ 400 milhões (US$ 300 milhões em lã e couros e US$ 100 milhões em carne). No entanto, há potencial para que possa exportar US$ 600 milhões anuais.
No Uruguai, 20.000 produtores de ovinos vivem da produção de lã e metade conta com mais de 200 cabeças, mas, por sua vez, existe uma indústria de tops que é um exemplo no mundo por sua seriedade e pela tecnologia que utiliza. Esse ano, o estoque ovino deixará de cair e aumentará 50%, ou seja, cerca de 400.000 cabeças. "Aos poucos, temos que ir solucionando os problemas que temos e ser mais competitivos no mundo", disse o gerente da Lanas Trinidad, Pedro Otegui.
Para ele, para que haja mais ovelhas no Uruguai, o setor ovino tem que ser um negócio para o produtor. "Creio que haja uma indústria frigorifica forte para processar o cordeiro pesado. Precisa-se que haja exportações de ovinos em pé e que se exporte lã suja, lavada e cardada".
Para Frank Raquet, gerente da empresa têxtil Engrow, há poucos setores no Uruguai que têm especialização tão forte como na lã. "O Uruguai vem apostando há 100 anos em melhorar a qualidade de sua lã e hoje é um dos cinco produtores mundiais de lã para vestimenta. Diferentemente de outros setores, produzir lã para vestimenta e lã de qualidade não se consegue em dois ou três anos".
Por sua vez, o presidente do SUL, Joaquín Martinicorena, destacou o potencial do setor ovino para se adaptar a todo tipo de produção e o grande peso social que tem no meio rural há muitos anos.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
Paulo de Tarso dos Santos Martins
Várzea Grande - Mato Grosso - Consultoria/extensão rural
postado em 09/05/2012
Premiar a mão de obra especializada é sempre uma grande estratérgia desenvolvimentista. Sorte dos uruguaios, alerta aos brasileiros.